O advogado-geral da União Jorge Messias se agarra a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em meio à tensão com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
A celeridade pra sabatina a despeito da vontade do Planalto é vista como “descabida” por ala da Suprema Corte
Apesar da preferência pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), integrantes da Corte consideram que Davi Alcolumbre “passará do ponto” se adotar esse caminho.
Nove anos após grampo de Dilma Rousseff, Messias debaterá no Senado, em 10 de dezembro, sua indicação ao STF.
A avaliação dos magistrados, no entanto, é de que a decisão de acelerar o processo a despeito da vontade do Planalto é “descabida”, visto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já sinalizou que, caso Messias não seja aprovado, não indicará Pacheco.
Além disso, a previsão é de que, caso o nome de Messias avance apesar da resistência, permanecerá um ruído eterno.
Até hoje, Alcolumbre não tem uma boa relação com Mendonça, já que colocou a indicação do ministro em banho-maria durante a gestão de Jair Bolsonaro.
É diante desse cenário que os magistrados têm tentado aliviar a pressão. Além de André Mendonça, Gilmar Mendes e Flávio Dino são citados como nomes atuantes pró-Messias.
Grampo
Caso seja indicado para o cargo, Messias será colega de Gilmar Mendes, com quem esteve envolvido, há nove anos, em um dos episódios mais emblemáticos da operação Lava Jato.
Em março de 2016, o decano do Supremo suspendeu, por meio de decisão liminar, a nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o cargo de ministro da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff (PT).
A medida foi tomada após a divulgação de interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal (PF), autorizadas pelo então juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
Nas gravações, Dilma menciona o envio de um assessor chamado “Bessias” com um documento de nomeação para Lula. A interpretação foi de que o ato garantiria ao ex-presidente foro privilegiado, transferindo para o Supremo os processos que tramitavam contra ele na primeira instância. O assessor citado era Jorge Messias, então subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil e servidor de carreira da AGU.
O episódio foi interpretado por Gilmar Mendes como tentativa de interferência nas investigações conduzidas pela Lava Jato. A decisão de barrar a posse de Lula como ministro ocorreu poucos meses antes do impeachment de Dilma e, sem foro, o petista foi julgado na primeira instância e preso em abril de 2018. Após 580 dias de prisão, foi solto por decisão do próprio STF.
Anos depois, o cenário se inverteu. Em 2023, Lula voltou ao Palácio do Planalto e Jorge Messias foi nomeado advogado-geral da União. Desde então, o “Bessias” se tornou o representante do governo perante o Supremo. Sua posse no cargo, inclusive, contou com discurso de Gilmar Mendes e com a presença de Dilma no palco. (Com CNN)
