O PPA (Plano Plurianual) de Campo Grande, que define as metas e prioridades da administração municipal entre 2026 e 2029, será votado nesta quinta-feira (27) em um ambiente marcado por articulações e tensionamentos políticos.
O projeto chega ao plenário com 347 emendas, número que revela não apenas o interesse dos vereadores em moldar o planejamento da próxima gestão, mas também a tentativa de equilibrar forças com o Executivo, que apresentou a proposta original.
O relator da matéria, Otávio Trad, presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, tornou-se peça central nesse processo.
Sua posição como articulador da análise técnica e política das emendas faz dele um dos principais interlocutores entre vereadores e a prefeitura — especialmente porque o PPA é o instrumento que dará sustentação ao orçamento do próximo mandato municipal.
A enxurrada de emendas tem leitura direta no campo político: os parlamentares buscam ampliar espaço na definição das políticas públicas, influenciando desde obras estratégicas até programas sociais e investimentos em saúde e mobilidade.
Mais que ajustes técnicos, muitas emendas representam marcação de território e recados sobre quais áreas cada vereador pretende fortalecer — seja por demanda de base eleitoral, seja para posicionar-se melhor no próximo ciclo político.
Para o Executivo, o desafio é evitar que as alterações descaracterizem o plano e comprometam a execução das metas originais. O governo municipal acompanha de perto a tramitação, ciente de que o PPA é a espinha dorsal da próxima administração — incluindo possíveis novos arranjos políticos após as eleições municipais.
A votação, portanto, não é apenas sobre números e diretrizes: trata-se de um teste de força, que pode indicar o tamanho da base de apoio da prefeita Adriane Lopes para o próximo ciclo e o quanto o Legislativo está disposto a avançar sobre áreas estratégicas da gestão.
As demandas apresentadas pela população na audiência pública de outubro reforçaram o peso político das decisões de hoje. Muitas das emendas refletem pressões diretas de bairros e setores organizados, o que dá aos vereadores argumentos adicionais para defender mudanças no texto.
PPA será termômetro para a LOA e para a nova configuração do poder
O resultado da votação será uma prévia do debate mais sensível do ano: a LOA (Lei Orçamentária Anual), que define na prática onde o dinheiro vai parar. Se o Legislativo avançar demais no PPA, o Executivo terá dificuldade para reorganizar prioridades na LOA — e isso afetará a governabilidade de 2026 em diante.
A sessão desta quinta, portanto, é mais que uma etapa burocrática: é um capítulo decisivo na disputa por protagonismo político em Campo Grande.
