Golpes no Pix podem superar R$ 12 bilhões em perdas até 2028, de acordo com estudo da ACI Worldwide, companhia de desenvolvimento de serviços de pagamentos.
Somente em 2023, R$ 2,2 bilhões foram perdidos em fraudes online no Brasil, diz o levantamento.
Atualmente, cerca de 76,4% da população brasileira utiliza o Pix para pagamentos, segundo dados do BC (Banco Central).
Caso medidas não sejam tomadas para aumentar a segurança da forma de pagamento instantânea, as perdas financeiras em formas de pagamento online podem piorar em até cinco vezes, mostram os dados.
Dentre os seis países analisados, Brasil seria o segundo país com mais perdas, atrás somente para os Estados Unidos, que são projetados a perder R$ 19 bilhões até 2028.
Austrália (R$ 7 bilhões), Reino Unido (R$ 4,9 bilhões), Índia (R$ 3,3 bilhões) e Emirados Árabes Unidos (R$ 181,5 milhões) também participaram do levantamento.
Mesmo em um cenário otimista, a análise prevê um aumento de 31,8% das perdas em golpes financeiros do tipo entre 2023 e 2028, totalizando R$ 7,5 bilhões.
Em um cenário neutro, em que não haja piora ou melhora nas medidas para combate a golpes, é estimada uma perda de R$ 9,6 bilhões.
No entanto, sem a implementação oportuna de soluções antifraude eficazes, o prejuízo com fraudes pode alcançar R$ 12,22 bilhões até 2028.
Entre os golpes mais comuns, o relatório aponta que fraudes de produtos e investimentos, golpes amorosos e boletos fraudulentos estão entre os mais recorrentes enfrentados pela população.
Segundo o BC, o uso do Pix é mais frequente entre a população de menor renda: 75% das pessoas que recebem até dois salários mínimos e 69% entre os que ganham entre dois e cinco salários mínimos.
O estudo também destaca que a popularização da inteligência artificial (IA) generativa tornou mais fácil para fraudadores realizarem tentativas de golpes mais convincentes, como por meio de ligações com vozes simuladas, e-mails de phishing sofisticados e esquemas complexos.
O relatório aponta que o principal desafio do BC é a transferência para múltiplas contas em tempo real, o que torna os fundos praticamente irrecuperáveis.
Entre as medidas destacadas como positivas pelo ACI estão:
Limites de transferência, em que usuários definem limites de valor com base em fatores como horário e localização;
Monitoramento comportamental e verificação de dispositivos, em que instituições financeiras usam localização e análises comportamentais para identificar atividades suspeitas;
Compartilhamento de dados entre instituições, uma vez que, desde novembro de 2023, todas as instituições financeiras são obrigadas a coletar e compartilhar informações detalhadas sobre incidentes de fraude.