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Diniz repassa carreira e combate rótulos: "Viver com medo não vale a pena"

Técnico diz que trabalho no Cruzeiro "não aconteceu", conta bastidores de passagem pela CBF, analisa perda de identidade do futebol brasileiro e revela proibição em seus times (e não é chutão)

Conjuntura Online
25/04/25 às 12h59
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Fernando Diniz em entrevista ao Abre Aspas (Foto: Marcos Ribolli)

A bola saía do pé do goleiro para o do zagueiro do Audax. Chegava ao lateral, voltava ao camisa 1 e era direcionada a outro defensor. A cada passe como esses, meio mundo se encantava com a coragem do modesto time comandado por Fernando Diniz, vice-campeão paulista em 2016, e outra metade se indignava com tamanha ousadia num ambiente dominado pelo medo de perder.

Aquele treinador outrora ridicularizado adentrou o ambiente dos grandes clubes, ganhou títulos, inclusive a inédita Conmebol Libertadores pelo Fluminense. De maneira atabalhoada, é verdade, chegou à seleção brasileira. E mesmo assim, quase dez anos depois, os exércitos dos que o amam e daqueles que não querem vê-lo pintado de ouro no seu banco de reservas se mantêm na ativa.

Ainda que a imensa maioria das equipes da elite tentem sair jogando com passes curtos, detratores atribuem a Diniz a invenção, execução e consagração da maldita "saidinha". Amadurecido pelo tempo, pela vida e até pelas críticas, ele se diverte. E jura de pés juntos e semblante tranquilo que nenhum dos rótulos é verdadeiro: a) seus zagueiros não só podem, como em certas ocasiões devem dar chutões; b) a bola longa é cada vez mais treinada como alternativa; c) não é preciso ter grandes jogadores para executar essa proposta, o importante é ter coragem e disciplina.

O item mais aconchegante aos ouvidos do torcedor: não se trata de mero capricho, e sim do que Diniz entende ser o caminho mais curto e próspero para a vitória.

– Eu gosto muito mais de ganhar do que essas pessoas que só querem ganhar. No futebol, as pessoas só enxergam o resultado final. Não conseguem reconhecer quem trabalha, quem é talentoso, quem é bom.

"Ganhar" deve ter sido a palavra mais repetida por Fernando Diniz em mais de duas horas de entrevista ao Abre Aspas, do ge. Desempregado após um trabalho "que não aconteceu" no Cruzeiro, sua própria definição, o treinador se diz mais tranquilo e mentalmente saudável do que no último período em que ficou sem trabalhar, quando deixou o Fluminense. Fissurado em futebol, faz o download de dezenas de partidas e as revê minuciosamente. O time que mais o encanta no momento é o PSG, treinado por Luis Enrique.

Diniz esmiuçou suas ideias, métodos e revelou fazer uma única proibição a seus comandados: não marcar.

Em 2023, Diniz viveu situação pitoresca. Comandou, simultaneamente, o Fluminense e a Seleção, enquanto o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, esperava por Carlo Ancelotti – a quem espera até hoje. No clube, sucesso absoluto com a conquista da América. Na Seleção, duas vitórias em seis jogos e a indelicadeza de uma demissão por telefone.

– Não era o ideal. A Seleção ficou prejudicada (com o trabalho duplo). Eu passava muito tempo no Fluminense, não consegui ir à Europa conversar com os jogadores, e estreitar relações é algo que tenho de muito forte no trabalho. E a Seleção também estava num momento de transição. O trabalho de campo foi muito bom. O desempenho foi melhor do que os resultados.

Ficha técnica
Nome: Fernando Diniz Silva
Idade: 51 anos
Profissão: técnico de futebol
Clubes como jogador: Juventus, Guarani, Palmeiras, Corinthians, Paraná, Fluminense, Flamengo, Juventude, Cruzeiro, Santos, Paulista, Santo André e Gama
Clubes como treinador: Votoraty, Paulista, Botafogo-SP, Atlético de Sorocaba, Audax, Paraná, Oeste, Guarani, Athletico-PR, Fluminense, São Paulo, Santos, Vasco e Cruzeiro
Títulos como técnico: Campeonato Paulista Série A3 (2009), Copa Paulista (2009), Copa Paulista (2010), Cameponato Carioca (2023), Copa Libertadores (2023) e Recopa Sul-Americana (2024)

(Com ge)

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