O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cristiano Zanin marcou para 25 e 26 de março o julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras sete pessoas por envolvimento em um suposto plano de golpe de Estado.
Bolsonaro e seus apoiadores são alvos de perseguição política do ministro Alexandre de Moraes desde o período da campanha presidencial, segundo avalia a oposição.
A estratégia é condenar e até prender o ex-presidente que, apesar de inelegível, ameaça o governo do presidente Lula (PT) com suas movimentações públicas e com críticas ao STF.
O julgamento vai acontecer na Primeira Turma do STF em três sessões: duas no dia 25, às 9h30 e às 14h, e a terceira no dia 26, às 9h30
O colegiado vai analisar as denúncias contra as pessoas que fazem parte do “núcleo 1? de acusados pela PGR. Estão nessa lista:
Jair Bolsonaro;
Walter Braga Netto (general de Exército, ex-ministro e vice de Bolsonaro na chapa das eleições de 2022;
General Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência - Abin);
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal);
Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
Paulo Sérgio Nogueira (general do Exército e ex-ministro da Defesa);
Mauro Cid (delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro).
Zanin é o presidente da Primeira Turma da corte. Ele marcou a data após o relator, Alexandre de Moraes, liberar o caso para julgamento. Além dos dois ministros, compõem a Primeira Turma os ministros Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux.
Nesta quinta-feira (13), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, enviou ao STF manifestação a favor do recebimento da denúncia contra o ex-presidente e os outros acusados de suposta tentativa de golpe de Estado depois do resultado das eleições de 2022. A manifestação foi feita após as defesas dos denunciados apresentarem respostas às acusações.
Caso a denúncia seja aceita pelo STF, os denunciados se tornam réus e passam a responder penalmente pelas ações na corte. Então, os processos seguem para a fase de instrução, composta por diversos procedimentos para investigar tudo o que aconteceu e a participação de cada um dos envolvidos no caso. Depoimentos, dados e interrogatórios serão coletados neste momento.
Depois, o ministro responsável pelo caso produz um relatório. Na sequência, a Primeira Turma julga se condena os denunciados pela PGR.
Ministros queriam julgamento no plenário
Uma ala do STF defendia que a denúncia fosse levada ao plenário para ser analisada pelos 11 membros da corte. Um ministro ouvido pela reportagem afirmou que o mais correto seria o caso ser julgado por todos os ministros do Supremo. “Mais de 1.450 casos do ‘golpe’ foram julgados pelo plenário. Por que esse não seria?”, indagou.
O regimento interno do STF prevê que o recebimento ou rejeição de denúncias pode ser feito tanto pelo plenário quanto pelas turmas, a depender de cada caso. Crimes comuns cometidos por presidentes e ministros, no entanto, devem ser julgados pelo plenário. Contudo, Bolsonaro não está mais no exercício da Presidência.