O Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical) — que tem como vice-presidente Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — viu seu faturamento saltar em R$ 100 milhões em apenas três anos, entre 2021 e 2023.
O sindicato é alvo de investigação da PF (Polícia Federal) no esquema de descontos indevidos sobre aposentadorias do INSS.
De acordo com o relatório do TCU, o faturamento do Sindnapi subiu de R$ 41 milhões para R$ 149 milhões no período em que ocorreu o aumento anormal de filiados — de 170 mil para 420 mil.
O Sindnapi mantinha, há mais de uma década, acordo de cooperação com o INSS, permitindo o desconto direto de mensalidades associativas nos benefícios de aposentados e pensionistas. O número de associados permaneceu estável até 2020, mas disparou no auge do esquema investigado, justamente entre 2021 e 2023.
Durante a auditoria, o TCU encontrou provas formais de filiação em apenas dois dos casos sorteados aleatoriamente. Contudo, a CGU (Controladoria-Geral da União), em apuração mais detalhada, constatou que 20 de 26 aposentados entrevistados afirmaram nunca ter se associado, apesar de sofrerem os descontos mensais em seus benefícios.
Crédito consignado e suspeita de venda casada
Outro aspecto grave apontado pelas investigações é a suspeita de venda casada entre associação sindical e concessão de empréstimos consignados. Dentro do próprio prédio do Sindnapi, opera uma cooperativa de crédito ligada ao sindicato, oferecendo financiamentos aos aposentados.
A auditoria do TCU indicou que 482,8 mil novas filiações ao sindicato em 2023 ocorreram em datas próximas à assinatura de contratos de crédito consignado, levantando suspeitas sobre a prática de induzir a filiação como condição para concessão do empréstimo.
Apesar da gravidade, o TCU, até o momento, não aplicou sanções mais duras em relação a essa prática, popularmente conhecida como venda casada.
O Sindnapi é dirigido majoritariamente por representantes da esquerda, mas também é palco de disputas internas, envolvendo inclusive figuras como Paulinho da Força. A crise agravou-se diante das revelações de envolvimento de lideranças políticas em práticas que afetaram diretamente a renda de aposentados.
O caso, agora em apuração pela Polícia Federal e acompanhado por ações judiciais, aumenta a pressão sobre o governo e reforça as críticas sobre uso político de entidades sindicais associadas a esquemas financeiros que prejudicam os mais vulneráveis.
Lembranças amargas
O escândalo estoura em um momento delicado para o governo. Pesquisas recentes mostram a popularidade de Lula em queda, especialmente entre aposentados e trabalhadores que já sentiram no passado os efeitos de crises econômicas e políticas. A nova denúncia traz de volta lembranças amargas do período da Lava Jato, que levou Lula à prisão e desmoralizou o PT, além de reavivar memórias do impeachment de Dilma Rousseff, em meio a sucessivos escândalos de corrupção.
Apesar das graves evidências, o TCU ainda não aplicou punições severas. A Polícia Federal segue com as investigações.
Para a oposição, a gestão do PT parece blindada por ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), enquanto avança uma perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados de direita.
Como exemplo recente, o ministro Alexandre de Moraes mandou intimar Bolsonaro mesmo enquanto ele estava internado na UTI, em um hospital de Brasília, no último dia 23 de abril, após uma cirurgia para corrigir complicações decorrentes da facada sofrida em Juiz de Fora (MG) durante a campanha de 2018.