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PT teme desmobilização da militância que prometia defender Lula no dia 3

Com o argumento de que precisa de tempo para organizar a segurança, polícia quer remarcar a data

25/04/2017 - 10h23

Correio Braziliense

Ex-presidente Lula (Foto: Divulgação )

O pedido de adiamento, feito pela Polícia Federal, do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, preocupa o PT, que teme uma desmobilização da militância para defender o petista em Curitiba. 


Lula, contudo, afirmou, durante seminário organizado pelo partido em Brasília, que comparecerá em qualquer data que o juiz Sérgio Moro marcar. “Isso não é um problema meu. Não fui eu quem marcou a data. Eu vou o dia que o Moro quiser, porque será a primeira vez, em viva-voz, que eu vou poder me defender. Porque estou há três anos só ouvindo”, reclamou o petista.


A Polícia Federal encaminhou ontem um pedido ao juiz Sérgio Moro para adiar o depoimento de Lula, marcado para o próximo dia 3. Oficialmente, a argumentação é de que a corporação precisava de mais tempo para organizar a segurança do evento. Petistas como o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitem que eram esperados 50 mil militantes. “Claro que é ruim se a data for trocada. Muitos companheiros já tinham comprado passagens. O fato de segunda (dia 1º) ser feriado ajuda, especialmente para aqueles que moram longe de Curitiba”, disse Gilberto.


Será a primeira vez que Lula e Moro estarão frente a frente. A situação do ex-presidente deteriorou-se muito na semana passada, principalmente após o depoimento do empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, que afirmou que Lula pediu para ele “destruir provas da Lava-Jato” e confirmou que a empreiteira fez obras no sítio de Atibaia e que o tríplex é, de fato, do petista. Lula tentou amenizar as declarações do empresário. “Com a tortura psicológica que ele vem sofrendo, entregaria até a mãe. Agora é engraçado que vejo reportagens com delatores condenados a 26 anos de prisão morando em casas com piscina e vista para o mar.”


Para o ex-governador da Bahia Jaques Wagner – citado nas delações da Odebrecht – o possível adiamento do depoimento de Lula só aumenta a panela de pressão social. Ele próprio admite que deverá ir a Curitiba para prestar solidariedade ao ex-presidente. 


“O enredo está desenhado, eles (a oposição e o Ministério Público) precisam de um desfecho. Se Lula for preso, torna-se herói. Se for interditado (tornar-se inelegível por condenação em segunda instância), poderá apoiar outros nomes e os militantes vão votar em quem for indicado por ele”, completou. Questionado sobre o fracasso do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, o “poste” apoiado por Lula em 2010 e 2014, Wagner brincou. “Eu me abstenho de comentar isso”, disse o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Dilma Rousseff.


Lula disse que chegou a hora de apresentarem uma prova contra ele, porque, até agora, só apresentaram a prova de um pedágio pago por dois carros do Instituto Lula que teriam ido em direção ao Guarujá – praia onde fica o tríplex que seria do ex-presidente. “Quero ver alguma prova, alguma conta com dinheiro meu no exterior ou com R$ 1 aqui. Não estou falando de R$ 80, de R$ 2, estou falando de R$ 1”, cobrou o ex-presidente.


O petista mostrou disposição para se candidatar a presidente no ano que vem. Disse que o partido tem que modernizar o discurso, mas, ao mesmo tempo, defendeu ideias antigas, como a retomada do financiamento do BNDES a juros subsidiados, a política externa com foco na América Latina e na África e a regulação dos meios de comunicação. 


“Não dá para um governo ilegítimo, que não tem voto, achar que pode aprovar tudo o que eles querem só porque têm voto no Congresso”, completou, em uma alusão à maioria parlamentar do governo Temer.

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