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'Dona Claudia quase me mata!', diz delator após receber Eduardo Cunha em casa

Encontro aconteceu em 2013 em Brasília, a pedido do ex-presidente da Câmara

20/04/2017 - 18h38

O Globo

Rio 

Eduardo Cunha é chamado de 'Carang', em referência ao apelido 'Caranguejo', na troca de mensagens (Foto: O Globo)

Já era o final da noite de 19 de agosto de 2013, uma quarta-feira, quando o então diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho, recebeu com alguma surpresa uma ligação do então deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). 


Segundo o relato de um dos depoimentos da delação premiada do delator, Cunha queria saber se Melo estava em casa, em Brasília, e se poderia ir até lá, no que foi atendido. 


O ex-deputado chegou à casa do executivo às 0h45m da madrugada do dia 20, uma quinta-feira.

Uma das provas apresentadas por Melo Filho ao MPF para demonstrar o relacionamento com Cunha é justamente um e-mail enviado por ele ao presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, relatando o encontro. 


Após o relato de outros assuntos de interesses do grupo no Congresso, Melo Filho mostra espanto com a visita que recebera horas antes, na madrugada, e brinca com uma possível desconfiança de sua mulher, Cláudia. 


A Cláudia citada é a mulher de Claudio Melo Filho, por coincidência xará da mulher de Cunha, a jornalista Cláudia Cruz. Cunha é chamado de "Carang", uma abreviação de seu apelido nas planilhas da Odebrecht (Caranguejo).


Melo Filho conta no depoimento que, ao chegar a sua casa, Cunha disse que gostaria de ser apresentado ao presidente da Odebrecht Agroindustrial, que o deputado dizia não saber quem era. Na ocasião, estava sendo discutida na Câmara a Medida Provisória (MP) 613, que afetava o setor de produção de açúcar e álcool, área de atuação da Odebrecht Agroindustrial.


O caso chamou a atenção da procuradora Melina Montoya Flores, que tomava o depoimento de Melo Filho. Ela faz algumas perguntas sobre a reunião, e ressalta o "horário esquisito". O ex-executivo da Odebrecht reafirma que este pedido de aproximação com a Odebrecht Agroindustrial foi o único tema discutido no encontro.


- Foi absolutamente inusual. Até porque ele não tinha relação de proximidade, nem intimidade comigo. Por isso digo no e-mail "pode imaginar" no e-mail no dia seguinte. Sabendo quem ele é, era líder do partido na época, imaginei que alguma coisa grave tinha acontecido, resolvi atendê-lo - diz Melo à procuradora. - Acho que a urgência do encontro era porque a MP seria votada logo, e ele queria uma interlocução com a Agroindustrial.


Este depoimento de Melo Filho faz parte do Inquérito 6807, que investigará repasses da Odebrecht via caixa dois recebidos por Eduardo Cunha nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. Melo Filho apresentou também uma planilha que indica o pagamento de R$ 7 milhões a Cunha entre os meses de julho e outubro de 2010, o período eleitoral.


No mesmo inquérito, o depoimento de outro delator, Fernando Reis, aponta pagamento de R$ 3 milhões a Cunha na campanha eleitoral de 2014.


Procurado, o advogado de Eduardo Cunha, Michel Asseff, afirma que o ex-deputado nega veementemente qualquer crime apontado pelos delatores.

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