A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira, a segunda fase da "Operação Fames-19" para aprofundar as investigações sobre um suposto esquema de desvio de dinheiro público do governo de Tocantins para a compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19.
Um dos investigados é o governador do estado, Wanderlei Barbosa (Republicanos). Por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça), o mandatário foi afastado do cargo pelo prazo de 180 dias.
Mandados são cumpridos no Palácio Araguaia e na Assembleia Legislativa do estado desde as primeiras horas da manhã. Procurado, o governo de Tocantins ainda não se manifestou.
De acordo com a PF, mais de 200 agentes cumprem 51 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares.
O objetivo é reunir novos elementos para esclarecer o uso de emendas parlamentares e o suposto recebimento de vantagens indevidas por agentes públicos.
As investigações tramitam sob sigilo no Superior Tribunal de Justiça. Segundo a PF, há "fortes indícios" de um esquema de desvio de recursos públicos entre 2020 e 2021, quando os investigados teriam "se aproveitado do estado de emergência em saúde pública e assistência social para fraudar contratos de fornecimento de cestas básicas".
As investigações apontam que foram pagos mais de R$ 97 milhões em contratos para cestas básicas e frango congelado. O prejuízo aos cofres públicos é estimado em mais de R$ 73 milhões. Os valores teriam sido desviados e depois ocultados por meio da construção de empreendimentos de luxo, compra de gado e pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.
Na primeira fase da ação, quando o governador também foi alvo, foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão em Tocantins e outras medidas cautelares patrimoniais, expedidas pelo STJ.
O nome da operação faz referência à insegurança alimentar ocasionada pela pandemia, cujas ações públicas tentavam combater, mas acabaram por se tornar meio de desvios de recursos. Fames significa fome em latim e 19 faz alusão ao período pandêmico. (Com O Globo)