A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) retoma na manhã desta quarta-feira (3) o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete acusados no chamado núcleo 1 da investigação sobre os atos de 8 de janeiro.
O processo, visto pela oposição como um exemplo de “carta marcada”, é apontado por parlamentares como parte de uma perseguição política conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
Na abertura da sessão, na terça-feira (2), Moraes apresentou o relatório resumindo a ação penal e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou as acusações contra os réus.
As defesas de Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres contestaram a narrativa da PGR, negando participação em qualquer tentativa de golpe e apontando excessos na investigação.
O julgamento prossegue nesta quarta com as sustentações orais de Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Após as manifestações, os ministros irão votar questões processuais como alegações de suspeição e competência, para só então analisar o mérito das acusações.
Relatório maquiado
Paralelamente à sessão do Supremo, o tema também movimentou o Senado Federal. O ex-assessor de Moraes, Talagliaferro, prestou depoimento apontando uma série de irregularidades na condução do inquérito e acusou o ministro de articular provas para incriminar Bolsonaro e aliados no caso do 8 de janeiro.
Para a oposição, o episódio reforça a tese de que o julgamento não busca justiça, mas sim o enfraquecimento da direita e de suas lideranças políticas.
No Congresso Nacional, a base de oposição já se articula para cancelar o julgamento e, ao mesmo tempo, acelerar a votação de projetos considerados estratégicos, como a anistia aos manifestantes do 8 de janeiro, o fim do foro privilegiado e o impeachment de Alexandre de Moraes.
Os parlamentares afirmam que a reação é necessária diante do que classificam como abuso de poder e desequilíbrio entre os poderes da República.
Mesmo que a decisão seja tomada ainda nesta semana, os réus poderão recorrer dentro do próprio STF. A defesa de Bolsonaro insiste que o ex-presidente não cometeu crime algum, lembrando que suas manifestações se limitaram a críticas sobre a segurança das urnas eletrônicas, sem qualquer tentativa de golpe.