A Prefeitura de Campo Grande terá de explicar denúncias de que R$ 156 milhões da saúde teriam sido desviados para o pagamento de outras despesas, em desacordo com a legislação.
O assunto ganhou destaque na sessão de terça-feira (2) da Câmara Municipal, quando o vereador Landmark Rios (PT) cobrou providências da administração da prefeita Adriane Lopes (PP).
A informação consta em ofícios enviados pelo CMS (Conselho Municipal de Saúde) à 32ª Promotoria de Justiça do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, protocolados no último dia 12 de agosto.
Segundo o CMS, há quase um ano o colegiado não recebe extratos bancários nem informações detalhadas sobre as contas do Fundo Municipal de Saúde, situação que configura falta de transparência na gestão dos recursos.
Além da ausência de informações, fornecedores e prestadores de serviço denunciaram atrasos nos pagamentos de contratos, comprometendo o funcionamento da rede pública. Diante da gravidade, o Conselho solicitou auditorias ao Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado, Tribunal de Contas da União e ao Departamento Nacional de Auditoria do SUS.
Landmark afirmou que os problemas já haviam sido constatados em fiscalizações que realiza nos bairros.
Ele relatou falta de 37 medicamentos essenciais, equipamentos quebrados e até servidores usando aparelhos próprios para atender pacientes na UBS Dr. Astrogildo Carmona (Vila Carlota) e na USF Dr. Antônio Pereira (Tiradentes).
Nos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), a situação é ainda mais crítica: segundo o vereador, a Prefeitura comprou apenas 1.000 comprimidos de Depakene, quantidade suficiente para menos de duas horas de atendimento.
“Enquanto o governo federal enviou mais de R$ 428 milhões em repasses e convênios entre janeiro e agosto de 2025, a Prefeitura não consegue garantir nem o básico. O dinheiro existe, mas não chega a quem precisa”, criticou o vereador.
Landmark informou que protocolou ofícios à Secretaria Municipal de Saúde e ao gabinete da prefeita Adriane Lopes exigindo respostas imediatas.
“Nosso mandato é fiscalizador, e vamos acompanhar até o fim para que os recursos sejam aplicados com responsabilidade e a população tenha atendimento digno”, completou.