Na última sexta-feira, agentes da A Polícia Civil de São Paulo localizaram uma fábrica clandestina em São Bernardo do Campo onde centenas de garrafas, galões e rótulos falsificados foram apreendidos.
Na garagem de uma casa no ABC Paulista pode estar uma das respostar para a pergunta: de onde estão vindo das bebidas contaminadas com metanol?
O Fantástico teve acesso, com exclusividade, ao inquérito que revelou o caminho de algumas garrafas com bebida contaminada.
Durante uma blitz em um bar na Mooca, zona leste de São Paulo — onde Ricardo Lopes Mira, de 54 anos, Marcos Antônio Jorge Junior, de 46 anos, consumiram bebida alcóolica e, depois, morreram —, os investigadores apreenderam nove garrafas, uma de gin e oito de vodka.
Segundo os peritos, algumas garrafas apreendidas continham até 45% de metanol — uma concentração considerada letal. Para se ter uma ideia, o limite tolerável da substância em bebidas como vodka ou gin é de apenas duas gotas por 100 ml. “Metanol com água, quase que meio a meio", afirmou Mauro Renault Menezes, diretor do núcleo de química do Instituto Criminalista da USP.
A polícia localizou o vendedor das bebidas para o bar e chegou à fábrica clandestina. A polícia prendeu uma mulher em flagrante por adulteração de produto alimentício. Ela seria ligada à empresa familiar que, segundo os investigadores, opera há cerca de duas décadas.
Um dos pontos mais preocupantes da investigação é a suspeita de que o metanol usado na adulteração das bebidas tenha vindo de postos de combustíveis. A hipótese é que o etanol comprado nesses locais já estaria contaminado, o que levanta a possibilidade de uma cadeia de fraudes envolvendo diferentes setores.
Até agora, 29 pessoas foram intoxicadas por bebidas adulteradas — a maioria em São Paulo, mas também há registros no Paraná e no Rio Grande do Sul. Cinco pessoas morreram. A polícia trabalha para identificar outras fábricas clandestinas e apurar a responsabilidade de postos que possam ter fornecido o álcool contaminado. (Com g1 e Fantástico)