A produção pecuária no Pantanal será reorganizada a partir de um plano estratégico que propõe ações para fortalecer todas as cadeias do setor, com foco em sustentabilidade, inovação e competitividade. O ponto de partida foi um diagnóstico técnico que analisou a realidade produtiva em 11 sub-regiões do bioma — inclusive em áreas de Mato Grosso e do Pantanal do Paraguai.
A bovinocultura de corte continua sendo o pilar da atividade econômica na região, com mais de 4,2 milhões de cabeças de gado, o que representa cerca de 23% do rebanho estadual. Só em 2024, a comercialização de bois e bezerros gerou mais de R$ 5 bilhões. Mas o plano vai além do gado e mira o desenvolvimento de outras cadeias produtivas, como piscicultura, ovinocultura, apicultura, equinocultura e até o manejo sustentável de jacarés.
Entre as medidas propostas estão a criação de selos de origem, rastreabilidade do couro, incentivo à exportação com ampliação da habilitação de frigoríficos, além da valorização do produtor via pagamento por serviços ambientais (PSA) — iniciativa já prevista no escopo do Pacto do Pantanal.
O levantamento técnico, feito pelos consultores Marcelo Rondon de Barros e Janielly Barros, traça um panorama das cadeias, avalia produtividade, estrutura fundiária, acesso a mercados, condição dos imóveis e gargalos logísticos. As informações foram apresentadas à equipe técnica da Semadesc, incluindo os secretários Jaime Verruck (titular), Arthur Falcette (adjunto), Rogério Beretta (Desenvolvimento Econômico) e Ricardo Senna (Ciência e Tecnologia).
O objetivo do plano é transformar o modelo de produção vigente no Pantanal, tradicionalmente baseado na pecuária extensiva, em uma referência de produção moderna e ambientalmente sustentável. Com a consolidação do diagnóstico, a próxima etapa será a implementação de políticas públicas que atendam às realidades regionais e incentivem boas práticas no campo.
Segundo o secretário Jaime Verruck, o plano tem papel decisivo na reorganização da economia pantaneira. “Estamos lidando com uma atividade de mais de 300 anos. Precisávamos entender como cada cadeia está estruturada, e agora temos os dados para agir com base técnica. A bovinocultura continua central, mas todas as atividades foram consideradas”, afirmou.
O documento também contribui com a estruturação das ações de PSA previstas no Pacto do Pantanal, que busca conciliar produção e preservação no bioma. A expectativa é que o plano funcione como um norte para os próximos anos, garantindo que o Pantanal continue gerando riqueza — sem abrir mão da conservação ambiental.