A ação de Felipe Massa na Corte Inglesa relacionada ao campeonato da F1 2008 chega ao último dia das primeiras audiências nesta sexta-feira (31).
Estão sendo ouvidos nesta semana os advogados do piloto brasileiro e dos três réus no caso: a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), a FOM (Formula One Management) e Bernie Ecclestone, ex-presidente da Fórmula 1.
O juiz Robert Jay, responsável pelo caso, pode decidir sobre o andamento ou não do processo já a partir desta sexta-feira. No entanto, o prazo ainda é incerto: espera-se que a decisão sobre o tema se torne pública em um período entre duas semanas e três meses.
Massa entrou na Justiça no ano passado contra os réus, que não só apresentaram a defesa como também realizaram um novo pedido em separado para que o processo não avance. A fase seguinte permite a obtenção de provas por ambas as partes e detalhamento dos argumentos.
As audiências desta sexta-feira têm a ver com este pedido dos réus. As defesas de FIA, FOM e Bernie Ecclestone tentam fazer com que a ação de Massa seja julgada de forma sumária ou que seja extinta, o que encerraria o processo nesse momento. Eles alegam que os argumentos do piloto brasileiro não se sustentam.
Os advogados do brasileiro, por sua vez, também apresentaram os motivos pelos quais creem que a ação deva prosseguir na Justiça inglesa.
O rito começou na terça-feira, quando o juiz fez as leituras necessárias para o caso. A partir daí, as defesas de ambas as partes se revezaram nas audiências. Durante toda a quarta-feira e no início da quinta-feira, os advogados dos réus expuseram seus argumentos, e os de Massa fizeram o mesmo também na quinta.
Nesta sexta-feira, os advogados de Massa vão seguir com as argumentações, e as primeiras audiências vão ser encerradas com uma réplica da defesa dos réus. A partir daí, Robert Jay já poderá tomar uma decisão. Em nenhum momento os advogados das duas partes falam entre si – as comunicações acontecem apenas com o juiz.
Caso o juiz acredite que o processo de Massa deva ter prosseguimento, a ação do brasileiro pode ser aceita de forma total ou parcial. Se a decisão for por acatar o pedido dos réus para julgamento prévio ou extinção da ação, a defesa do piloto tem a possibilidade de recorrer.
No processo, a defesa de Felipe Massa pede uma indenização de 64 milhões de libras (cerca de R$ 452 milhões, na atual cotação) e duas declarações de responsabilidade em relação à polêmica que envolve a batida proposital de Nelsinho Piquet, no GP de Singapura de 2008. São elas:
1- "A FIA agiu em violação de seus próprios regulamentos ao não investigar prontamente as circunstâncias do acidente (de Nelsinho Piquet) em 2008".
2- "Se a FIA não tivesse agido em violação de seus próprios regulamentos, ela teria cancelado ou ajustado os resultados do Grande Prêmio de Singapura, com a consequência de que o Sr. Massa teria vencido o Campeonato de Pilotos de 2008".
O "Singapuragate” só foi revelado ao mundo em 2009, e o WMSC (Conselho Mundial de Automobilismo) confirmou em setembro daquele ano que a colisão de Nelsinho foi premeditada. Na época, no entanto, o regulamento esportivo da F1 só permitia a contestação de resultados até a cerimônia de premiação anual da FIA, que aconteceu em 11 de dezembro de 2008.
Anos depois, no começo de 2023, Bernie Ecclestone revelou que soube da intencionalidade a batida de Piquet Jr ainda em 2008, o que possibilitaria uma revisão da corrida à época.
O britânico justificou que a F1 e a FIA mantiveram silêncio para proteger a integridade do esporte, e a entrevista do inglês é uma das bases usadas pela defesa de Massa na ação. Bernie, porém, alegou posteriormente não se lembrar da fala.
Relembre o "Singapuragate"
Massa questiona o resultado do campeonato de 2008 da Fórmula 1 após o “Singapuragate” - episódio em que Nelsinho Piquet bateu intencionalmente no GP de Singapura daquele ano. A colisão visava ajudar o colega de equipe na Renault, Fernando Alonso, a vencer.
Na ocasião, a equipe do brasileiro e do espanhol não estava em boa fase, e Nelsinho acertou o muro no circuito de Marina Bay para que o safety car fosse acionado. Assim, Alonso seria beneficiado ao parar na hora certa. Foi o que aconteceu.
Felipe Massa, por outro lado, era o líder da corrida e acabou caindo para 13º durante a parada nos boxes – tudo isso graças a um erro da Ferrari, que deixou uma mangueira de reabastecimento de combustível presa ao carro do brasileiro.
Terceiro colocado naquela prova, Hamilton somou seis pontos cruciais para a conquista do título contra Massa, já que terminou o campeonato apenas um ponto à frente do ferrarista.
O escândalo foi revelado ao mundo apenas no ano seguinte; portanto, depois da dramática definição do campeonato no GP do Brasil, quando Massa viu Lewis Hamilton assegurar o título na última curva ao ultrapassar Timo Glock.
Se a prova fosse anulada à época, Massa terminaria o campeonato com 97 pontos, contra 92 de Hamilton, o que lhe daria o título mundial. (Com ge - RJ)
