Em meio à deterioração das contas públicas e à fragilidade das estatais, o Tesouro Nacional aprovou um empréstimo de até R$ 12 bilhões para os Correios, medida que escancara a grave crise financeira da empresa e adiciona mais pressão sobre o já combalido caixa do governo federal.
O aval foi dado na quinta-feira (18), após o Tesouro ter barrado, no início do mês, um pedido ainda maior, de R$ 20 bilhões.
Mesmo reduzido, o novo empréstimo representa um socorro pesado, que terá impacto direto nas finanças da estatal e, indiretamente, nos cofres públicos.
Apesar da autorização de até R$ 12 bilhões, os Correios só poderão usar R$ 5,8 bilhões em 2025, valor que coincide exatamente com o déficit primário estimado da empresa para o ano, revelando que o empréstimo não será para investimento ou modernização, mas para tampar rombos e garantir a sobrevivência da estatal.
Dívida longa e juros elevados
O empréstimo terá prazo de 15 anos, com três anos de carência, e juros de 115% do CDI, taxa próxima à Selic. Na prática, trata-se de uma dívida de longo prazo que vai pesar no balanço dos Correios por mais de uma década, comprometendo a capacidade futura da empresa.
Para viabilizar a operação, o Conselho Monetário Nacional (CMN) precisou criar um sublimite específico de R$ 12 bilhões apenas para os Correios, ampliando o limite global de crédito dos entes públicos em 2025. A manobra reforça a percepção de que o governo precisou flexibilizar regras para socorrer a estatal.
Crise exposta
Os números deixam claro o tamanho do problema. O déficit projetado dos Correios para 2025 foi revisado para R$ 5,8 bilhões, bem acima da estimativa anterior. Ou seja, a empresa continua no vermelho, mesmo após promessas de reestruturação e discursos de equilíbrio financeiro.
Embora o governo alegue que a operação reduz custos em relação a propostas anteriores — que chegavam a juros de 136% do CDI —, o fato central permanece: os Correios só conseguem operar com ajuda bilionária, enquanto o governo amplia endividamento em um cenário de restrição fiscal.
Conta que sobra para o futuro
Na prática, o empréstimo aprovado não resolve o problema estrutural da estatal. Ele adianta recursos, empurra a crise para frente e transfere o peso da conta para os próximos anos, em um momento em que o próprio governo enfrenta dificuldades para fechar suas contas.
O socorro bilionário aos Correios reforça críticas sobre a condução econômica da atual gestão e levanta o alerta: a fatura dessa operação ainda vai chegar — com juros. (Com informações de agências nacionais)
