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Política

Padilha ganha cargo em associação patrocinada por empresas de saúde

Evento de lançamento de associação terá patrocínio e apoio de gigantes chinesas com interesses comerciais em ministério de Padilha

Conjuntura Online
10/03/25 às 11h02
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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT) (Foto: reprodução)

Paralelamente ao cargo de ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT) vai atuar como “presidente de honra” de associação financiada e apoiada por megaempresas da China que possuem interesses comerciais no governo brasileiro, sobretudo no próprio Ministério da Saúde.

Batizada de China Hub Brasil, a associação será lançada oficialmente na próxima sexta-feira (14), na cidade de São Paulo, com patrocínios da Mindray, uma das principais fornecedoras globais de instrumentos médicos, e da Tegma, empresa de logística de farmacêuticos, e apoio do Banco da China e da Huawei, gigante chinesa de tecnologia que tem implementado parcerias para promover a transformação digital na saúde brasileira. A participação de Padilha, que já aceitou o cargo, é esperada no evento.

A entidade tem como finalidade “a relação econômica, cultural e comercial entre empresas brasileiras e chinesas”. Além de fomentar contatos entre empresas brasileiras e chinesas, irá fazer consultoria para associadas e promover parcerias públicas e privadas.

O futuro presidente e fundador da China Hub Brasil já foi recebido ao menos três vezes no gabinete de Padilha (duas delas não foram registradas na agenda oficial), enquanto ministro-chefe das Relações Institucionais (SRI), e participou até mesmo da posse do petista na pasta, em janeiro de 2023.

Padilha chegou a consultar a Comissão de Ética Pública (CEP) para saber se poderia exercer o cargo de “presidente de honra” e recebeu aval positivo. A consulta, no entanto, foi enviada ao órgão colegiado no último dia 6 de fevereiro, quando ele ainda era ministro-chefe da SRI, e não avaliou a relação das empresas chinesas que participariam como financiadoras ou apoiadoras da associação de lobby. Na ocasião, já se ventilava que Padilha assumiria o cargo de chefe do Ministério da Saúde, órgão em que ele sempre acumulou bastante influência.

Além disso, Padilha alegou à CEP que não teve, enquanto ministro de Estado, “relação relevante” com a associação. Porém, além de ter recebido ao menos três vezes em seu gabinete o futuro presidente da entidade, o ministro se reuniu com representantes da Huawei e de outras empresas da China.

Procurada, a assessoria de imprensa de Padilha informou que ele não vai desempenhar papel de gestão, nem “auferir qualquer tipo de rendimento”.

À coluna o presidente da Comissão de Ética Pública, Manoel Caetano Ferreira Filho, afirmou que o órgão colegiado entendeu que o cargo de presidente de honra foi oferecido ao Padilha-pessoa, e não ao Padilha-ministro. Questionado sobre as empresas chinesas que patrocinam e apoiam o evento de lançamento da China Hub Brasil, Filho acrescentou que “isso é um fato estranho”, que “não foi submetido para a gente” e que a Comissão não estava sabendo. Por fim, ponderou que a CEP poderá reavaliar a decisão.

Consultoria e parcerias públicas e privadas

De acordo com minuta do estatuto social da entidade, o China Hub Brasil vai intermediar relações de pessoas e fomentar contatos entre empresas brasileiras e chinesas, prestar serviços de consultoria, promover investimentos recíprocos e firmar parcerias públicas e privadas, bem como participar de fundos de investimento, de ações e de sociedades de “quaisquer empresas”.

Ainda segundo o estatuto, a associação vai ser financiada a partir de serviços prestados para os associados; de ações e sociedades em empresas e arranjos negociais; de aplicações no mercado de capitais; e da venda de ativos. (Metrópoles)

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