Foi instalada, nesta quinta-feira (7), a Comissão Temporária Externa de Relações Bilaterais Brasil-EUA, presidida pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS) e com relatoria da senadora Tereza Cristina (PP-MS).
A iniciativa, proposta pela CRE (Comissão de Relações Exteriores), reforça o uso da diplomacia parlamentar para mitigar os impactos da crise comercial com os Estados Unidos.
Entre 28 e 30 de julho, Nelsinho Trad liderou missão oficial a Washington, onde se reuniu com oito senadores americanos, uma deputada, empresários e especialistas.
O parlamentar relatou que ouviu de congressistas democratas e de republicano: países que mantêm comércio de petróleo ou diesel com a Rússia podem ser alvo de novas sanções. “Falaram para nós: ‘tentem achar uma alternativa nisso aí, porque nós, congressistas, vamos aprovar uma lei no semestre que vem para sobretaxar o país que mantiver esse comércio’”, relatou. O Brasil importa cerca de 60% do diesel que consome da Rússia.
De volta ao Brasil, a delegação apresentou ao vice-presidente Geraldo Alckmin o alerta sobre o risco de sobretaxas adicionais, reforçando que o tema está “no radar” do Congresso e do governo norte-americano.
Na mesma semana, o senador Nelsinho Trad se reuniu com o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, para tratar exclusivamente do impacto econômico das tarifas e de temas da agenda comercial bilateral.
O decreto de Donald Trump, assinado em 30 de julho, impôs sobretaxas de 50% a produtos brasileiros, com início em 6 de agosto, poupando cerca de 40% dos produtos exportados do Brasil aos Estados Unidos, como celulose e o ferro-gusa. O cálculo é do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que aponta ainda setores como carnes, café e pescados entre os mais afetados.
Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) também se reuniu com o senador e pediu a continuidade do trabalho da comissão como forma de apoio aos empresários. “Esse jogo ainda perdura muito tempo”, afirmou o presidente da entidade, Abrão Neto.
