Em 2023, ao menos 35 mil aposentados e pensionistas procuraram canais oficiais do governo para denunciar uma prática abusiva e recorrente: o depósito de valores em suas contas vinculados a empréstimos consignados que jamais solicitaram.
De acordo com a Globo News, os dados constam em uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), à qual a reportagem teve acesso com exclusividade.
O volume de queixas revela uma grave distorção no sistema de concessão de crédito consignado, que se tornou um negócio bilionário dentro da estrutura do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Segundo o relatório, apenas no ano passado, os empréstimos consignados movimentaram R$ 90 bilhões. Para efeito de comparação, o escândalo atual que envolve o setor gira em torno de R$ 6 bilhões — menos de 10% do total movimentado.
O modus operandi descrito pelos denunciantes é alarmante: valores caem nas contas dos beneficiários sem que tenham sido solicitados, seguidos de descontos automáticos nos benefícios mensais, referentes a empréstimos que os aposentados dizem jamais ter contratado.
Muitos alegam sequer saber a origem do suposto contrato e encontram dificuldade em cancelar os débitos ou obter informações precisas sobre o credor.
Além do INSS, a auditoria do TCU aponta responsabilidade de outro ente público: a Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência), que detém a gestão técnica e operacional dos dados dos beneficiários.
De acordo com o relatório, há falhas sistêmicas que facilitam o acesso indevido às informações dos aposentados e abrem brechas para que instituições financeiras realizem contratações sem a devida autorização dos titulares.
