O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na segunda-feira (15) que está considerando uma ordem executiva para reclassificar a maconha como uma droga menos perigosa — uma decisão que poderia remodelar a indústria da cannabis, reduzir as penalidades criminais e liberar bilhões em financiamento para pesquisas.
A mudança representaria uma das alterações federais mais significativas na política sobre maconha em décadas, reduzindo a supervisão ao nível de medicamentos comuns prescritos e potencialmente abrindo portas há muito fechadas para bancos e investidores.
"Estamos analisando isso com muita atenção", disse Trump a repórteres no Salão Oval, respondendo a notícias de que estaria considerando orientar as agências federais de saúde e de segurança pública a tratar a maconha como uma droga de Classe III.
"Muita gente quer ver isso — a reclassificação — porque leva a uma quantidade enorme de pesquisas que não podem ser feitas a menos que haja uma reclassificação", afirmou ele.
De acordo com a Lei de Substâncias Controladas americana, a maconha é classificada como uma substância da Lista I, como heroína, ecstasy e peiote, o que implica que ela tem um alto potencial de abuso e não possui uso medicinal atualmente aceito.
As autoridades locais geralmente impõem regulamentações mais brandas sobre a maconha, permitindo o uso medicinal ou recreativo.
Os primeiros relatos de que Trump poderia flexibilizar as restrições federais à droga psicoativa fizeram com que as ações de empresas relacionadas à cannabis subissem. Elas podem se beneficiar com o aumento da produção de produtos à base de cannabis.
Essa mudança pode remodelar o setor, potencialmente reduzindo impostos e facilitando a obtenção de financiamento. Drogas da Lista III incluem Tylenol misturado com codeína, cetamina e testosterona.
O financiamento continua sendo um dos maiores desafios para os produtores de cannabis, já que as restrições federais mantêm a maioria dos bancos e investidores institucionais fora do setor, forçando os produtores a recorrerem a empréstimos caros ou instituições financeiras alternativas.
As ações de empresas ligadas à cannabis listadas nos Estados Unidos, como Canopy Growth (CGC.O), Organigram Global (OGI.O), SNDL (SNDL.O), Aurora Cannabis (ACB.O), Trulieve Cannabis (TRUL.CD) e Tilray Brands (TLRY.O), fecharam em queda entre 4% e 13%.
Ainda assim, os preços das ações permanecem mais altos do que após as primeiras notícias sobre a reclassificação na semana passada.
"Caso os EUA decidam reclassificar a cannabis, vemos isso como um passo significativo para a indústria global, que deve vir acompanhado de uma regulamentação inteligente", disse um porta-voz da Aurora Cannabis à Reuters.
A Trulieve Cannabis se recusou a comentar, enquanto várias outras empresas não responderam imediatamente ao pedido de comentário da agência de notícias Reuters.
Um funcionário da Casa Branca afirmou na sexta-feira (12) que "nenhuma decisão final foi tomada sobre a reclassificação da maconha".
No ano passado, o governo Biden solicitou ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos que revisasse a classificação da maconha, e a agência recomendou sua inclusão na Lista III de substâncias controladas.
A DEA (Administração de Combate às Drogas na sigla em inglês) precisa analisar a recomendação e decidirá sobre a reclassificação. (Da Reuters)
