Num momento em que ataques, perseguições e campanhas de descredibilização contra mulheres se tornam rotina na política e nas redes sociais, Campo Grande recebe nesta sexta-feira (5) o Simpósio Nacional Mulheres pela Paridade.
O encontro promete transformar denúncias silenciosas em debate público e pressionar autoridades por respostas mais firmes.
O evento, realizado pelo Fórum pela Paridade, será das 13h às 17h30, no auditório do TRT (Tribunal Regional do Trabalho), e chega em meio a um cenário alarmante: mulheres que ousam ocupar posições de decisão continuam sendo alvo de violência moral, psicológica, institucional e digital, muitas vezes sem amparo das estruturas que deveriam protegê-las.
Violência política e ataques digitais: realidade ignorada por muitos
Os dois painéis centrais do simpósio — Violência de Gênero na Política e Violência de Gênero no Ambiente Digital — farão um raio-X daquilo que já é considerado, por especialistas, uma epidemia silenciosa no Brasil: mulheres são silenciadas não pela falta de capacidade, mas pela violência.
Casos de assédio durante campanhas, sabotagem interna, ataques coordenados em redes sociais, exposição indevida e tentativas de destruir reputações mostram que o problema deixou de ser pontual e virou estratégia política.
Apesar de sua gravidade, grande parte desses episódios ainda é tratada com descaso ou relativização dentro de partidos, instituições e até no próprio sistema de Justiça.
Lideranças relatam rotina de ataques
Entre os participantes confirmados estão: Sumara Ferreira Leal, vice-prefeita de Cassilândia; Camilla Nascimento de Oliveira, vice-prefeita de Campo Grande; e Gabriel Cardoso Gonçalves Barroso, delegado da Polícia Civil
As lideranças devem expor experiências e casos que raramente chegam ao debate público, revelando o impacto real da perseguição às mulheres que exercem cargos de poder — impactos que vão desde adoecimento emocional até abandono de mandatos e desistência de carreiras políticas.
Para os organizadores, o objetivo é claro: denunciar, pressionar e cobrar ação efetiva das instituições, e não apenas discursos. Segundo o Fórum pela Paridade, a violência política contra mulheres é um ataque direto à democracia — e não pode mais ser tratada como conflito partidário ou “briga de campanha”.
O encontro também pretende construir encaminhamentos, fortalecer redes de apoio e exigir maior responsabilização de agressores, especialmente no ambiente digital, onde a impunidade ainda é regra.
