Uma investigação da Polícia Federal revelou que três desembargadores e uma advogada, filha de um deles, teriam atuado em conjunto para autorizar a transferência de uma fazenda que estava em inventário, avaliada em R$ 20 milhões em Mato Grosso do Sul.
De acordo com reportagem do portal de notícias, G1, o caso é parte do inquérito sobre venda de sentenças no Estado.
Segundo relatório obtido pelo g1 e pela TV Globo, o desembargador Sideni Soncini Pimentel teria assinado a decisão que liberou a venda da fazenda, em maio de 2024, durante o processo de inventário.
As investigações apontam que a filha do magistrado, a advogada Renata Pimentel, teria recebido R$ 920 mil como pagamento pela "venda" da decisão favorável assinada pelo pai.
Também aparecem citados os nomes dos desembargadores Júlio Roberto Siqueira Cardoso, já aposentado, e Vladimir Abreu da Silva.
Ainda conforme o relatório, outros juízes já haviam negado a transferência do imóvel em decisões anteriores, em 2021 e 2023, quando Sideni não estava atuando no caso.
A Polícia Federal identificou que o valor de R$ 920 mil teria sido recebido por Renata Pimentel ainda em outubro de 2022, mais de um ano antes da decisão de liberação da fazenda, reforçando a suspeita de venda de sentença.
Além disso, conversas extraídas do celular da advogada mostraram que parte do dinheiro teria sido usado para comprar uma caminhonete avaliada em R$ 217 mil para o desembargador Sideni Soncini Pimentel.
Mensagens entre pai e filha e comprovantes bancários encontrados pela PF indicam que a compra do veículo foi uma forma de repassar o dinheiro obtido com a decisão. Em outras trocas de mensagens, Renata pediu a orientação de um contador para justificar o gasto com a caminhonete e foi orientada a declarar o valor como "empréstimo de sócio para empresa".
O que dizem os envolvidos
Em nota, Renata Pimentel afirmou que todas as suas operações financeiras são legais e ligadas às suas atividades como advogada e empresária, e que a perícia técnica comprovará a regularidade. Já o desembargador Sideni Soncini Pimentel, por meio de sua defesa, negou ter favorecido qualquer processo relacionado a seus filhos e disse que todas suas decisões são fundamentadas e legítimas.
Ele também apresentou laudo contábil para comprovar a origem lícita de seus rendimentos e prestou depoimento à Polícia Federal.