O Brasil viveu em 2024 um contraste preocupante na área da segurança pública: enquanto as mortes violentas intencionais caíram ao menor nível desde 2012, os crimes contra mulheres – especialmente feminicídios e estupros – atingiram níveis recordes, acendendo um alerta sobre a persistência da violência de gênero.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado na quinta-feira (24), o número de feminicídios chegou a 1.492 casos, o maior desde a tipificação do crime em 2015.
Isso representa, na prática, quatro mulheres assassinadas por dia, na maioria das vezes dentro de casa e por homens com vínculos afetivos com as vítimas.
Perfil das vítimas e autores de feminicídio em 2024
63,6% das vítimas eram mulheres negras
70,5% tinham entre 18 e 44 anos
64,3% foram mortas dentro de casa
79,8% dos crimes foram cometidos por companheiros ou ex-companheiros
Em 97% dos casos, o autor era homem
Armas brancas foram utilizadas em 48,4% dos feminicídios
O relatório alerta que os números reais podem ser ainda maiores, uma vez que muitos feminicídios ainda são erroneamente registrados como homicídios comuns.
Estupros alcançam patamar histórico
O anuário também mostra um crescimento alarmante dos casos de estupro e estupro de vulnerável, com 87.545 vítimas registradas em 2024 — uma média de 239 casos por dia.
Características das vítimas de estupro
76,8% tinham menos de 14 anos
87,7% eram do sexo feminino
55,6% eram negras
65,7% dos crimes ocorreram dentro da residência
45,5% dos agressores eram familiares das vítimas
Estados com maiores taxas de estupro por 100 mil habitantes
Casos por 100 mil habitantes
Roraima
137,0
Acre
112,5
Amapá
99,5
Rondônia
99,5
Mato Grosso do Sul
84,5
O relatório destaca “o impacto desproporcional da violência sexual sobre meninas e mulheres desde a infância“, apontando que, para cada menino vítima de estupro de vulnerável, cinco meninas foram vitimadas. (Com agências nacionais)
