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Sob o olhar de Dorival, Andreas recusa convite da Bélgica por sonho da Seleção

Destaque do Fulham, meia recebeu visita do treinador brasileiro em treinamento nesta semana em Londres 

23/02/2024 - 14h15

Rio de Janeiro 

Com ge

Andreas Pereira (Fulham) (Foto: Julian Finney/GettyImages)

Se as escolhas ditam o rumo de uma carreira, no caso de Andreas Pereira a prioridade está bem definida: seleção brasileira.


A necessidade de optar qual país representar esteve presente na trajetória do meia do Fulham desde muito cedo: Brasil ou Bélgica? e a convicção com que decidiu pelo Brasil desde as categorias de base seguiu intacta nas bifurcações em que se deparou recentemente.


Destaque do Fulham com números relevantes na Premier League nas últimas duas temporadas, Andreas viu o telefone tocar novamente em meados de 2023. Do outro lado da linha, uma pergunta que se tornou recorrente: aceita defender a seleção da belga? A resposta também é recorrente: não. Dessa vez, com uma pitada de esperança renovada pela chegada de Dorival Júnior à seleção brasileira.


- Eles me procuraram no início da temporada e perguntaram se eu estava disposto a ser convocado pela Bélgica, falaram com meu empresário também, e eu sempre deixei claro que o meu sonho é o Brasil. Meu sonho é defender a seleção brasileira, não mudou nada e não vai mudar. Ele disse para eu pensar bem, ver como vai ser, mas deixar um sonho de criança de lado só para jogar em uma Seleção e não me sentir bem...


"Sou brasileiro, minha família é brasileira, e jogar em uma seleção só para dizer que joguei na seleção não faz sentido nenhum"


O convite se explica: Andreas, que tem 28 anos, nasceu em Duffel, na Bélgica, onde seus pais criaram a família. O meio-campista até defendeu a seleção sub-15 daquele país, mas as origens no interior do Paraná falaram mais alto e não são poucas as vezes em que fez questão de se reafirmar brasileiro.


Em 2015, por exemplo, foi vice-campeão mundial sub-20 com gol na final diante da Sérvia. Três anos depois, em 2018, foi convocado por Tite para amistoso após a Copa do Mundo da Rússia. Este chamado, por sinal, veio logo depois de Roberto Martinez, então técnico da Bélgica, consultar José Mourinho e tentar conversar pessoalmente com Andreas, que saiu escondido em treinamento do Manchester United para evitar o desconforto de dizer não.


A chegada de Dorival Júnior renovou as esperanças de novas oportunidades pelo Brasil. Seu ex-treinador nos tempos de Flamengo chegou a visitá-lo em treinamento do Fulham nesta semana e deixou claro que o tem no radar. Os números na atual temporada justificam a expectativa.


Andreas é o brasileiro líder na estatística de passes decisivos nas principais ligas europeias: 62, superando Rodrygo (49), Douglas Luiz (48) e Paquetá (39), todos selecionáveis. O número de assistências também se destaca: seis de acordo com o ranking da Premier League, mas o Fulham entrou com o pedido de reconhecimento de mais duas por passes não computados por critérios distintos.


- No Fulham, jogo mais como terceiro, me sinto importante e protagonista. Como segundo volante, eu sempre joguei. Então, são duas posições que eu me vejo apto a competir para concorrer pela Seleção. Sei que posso ajudar a equipe. Mesmo atuando um pouco mais avançado, sempre vou poder jogar de segundo homem também.


O sonho de defender a Seleção interferiu também nas escolhas recentes de mercado. No início de janeiro, Al Etifaq, comandado por Steven Gerrard, fez uma proposta milionária para que Andreas substituísse Henderson. A resposta foi negativa:


- Não acho que seja o momento justo de fazer um movimento para fora da Europa. Tenho o sonho de jogar pela Seleção, e a chance de ser convocado é muito maior jogando na Europa, jogando na Premier, que é uma das ligas mais difíceis do mundo.


"Mesmo não sendo uma certeza, jogo futebol desde criança pensando na Seleção. Querendo ou não, o que faz a gente feliz é lutar pelo sonho. Estou vivendo um momento em que jogo bem aqui e mantenho esse sonho vivo. Estou batalhando por isso"


Andreas Pereira tem 28 anos e contrato com o Fulham até o fim de 2026. Desde que chegou ao clube de Londres, o meia soma 70 jogos, seis gols e 16 assistências. A convocação da Seleção para os amistosos contra Inglaterra, dia 23 de março, e Espanha, dia 26 de março, acontece no próximo dia 1º, no Rio de Janeiro.


Confira a íntegra do bate-papo:


Sua volta à Premier League tem apresentado números muito positivos e, mesmo após uma grave lesão, você mantém essa regularidade. Como tem sido esse período no Fulham?

Tive minha primeira lesão grave e não esperava voltar tão rápido ao meu nível. Fico feliz por retornar, conseguir ajudar meus companheiros e desempenhar um futebol ainda melhor do que no ano passado, antes de me lesionar.


Qual o grande diferencial dessa passagem do Fulham para que você conseguisse se consolidar na Premier após tantos empréstimos quando pertencia ao United?

O Fulham me deu a plataforma para mostrar minha qualidade na Premier League e para o mundo. Desde o início, minha relação com a equipe, os torcedores e, principalmente, o técnico, Marco Silva, me ajudaram muito. Ele acreditou em mim, me abriu as portas de retorno à Inglaterra e me permitiu mostrar para todo mundo que posso jogar no mais alto nível e fazer a diferença. É muito importante para mim. Foi uma confirmação também para mim mesmo.


Desde a época da negociação, falava-se muito da importância do Marco Silva na sua escolha pelo Fulham. De que maneira ele te encaixou nesse time? Até de forma didática, como você joga na equipe?

Conversamos de forma clara desde o começo e ele disse que acreditava no meu estilo de jogo e nas minhas qualidades. Que eu tinha que provar isso na Premier, me consolidar e fazer a diferença e mostrar que eu tenho capacidade de jogar todos os jogos. Ele sabe como mexer jogadores, deu o exemplo do Richarlison (no Watford). É um técnico que sabe que para brasileiro é um sonho jogar na Seleção, e esse é o meu maior objetivo. Disse que pode não pode ser só um sonho, que eu tenho que brigar por isso, e concordei com ele desde a primeira conversa.


Estou jogando em uma posição mais ofensiva do que estava acostumado a jogar. Eu jogava como segundo volante, mas aqui sou um meia, um 9.5 atrás do atacante. Tive que me adaptar nos primeiros dois, três meses, mas o Marco Silva tornou o trabalho bem fácil dizendo o que fazer nos jogos, vendo vídeos e não foi uma posição que mudou tanta coisa assim.


Você bate muito na tecla de ser brasileiro, mas ainda pode escolher se quiser defender a Bélgica. É algo que você descarta? Já houve contatos para isso?

Eles me procuraram no início da temporada e perguntaram se eu estava disposto a ser convocado pela Bélgica, falaram com meu empresário também, e eu sempre deixei claro que o meu sonho é o Brasil. Meu sonho é defender a seleção brasileira, não mudou nada e não vai mudar. Ele disse para eu pensar bem, ver como vai ser, mas deixar um sonho de criança de lado só para jogar em uma Seleção e não me sentir bem... Sou brasileiro, minha família é brasileira, e jogar em uma seleção só para dizer que joguei na seleção não faz sentido nenhum.


Sou grato a Bélgica, por tudo que o país fez por mim, eu cresci lá, mas sou brasileiro e meu sonho é a seleção brasileira. Vou lutar até o último minuto até isso acontecer.


É uma porta que você fechou? Vale mais o risco de nunca ser convocado pelo sonho de jogar pelo Brasil?

Exatamente. Meu sonho sempre foi jogar na seleção brasileira, é meu objetivo, e é isso que eu quero conseguir.


E de que maneira você lida com esse sonho? Você vem de duas boas temporadas no Fulham, o Brasil passa por uma reformulação... Ficou a expectativa nas últimas convocações e agora o Dorival já renova sua esperança?

No pós-Copa, jogando bem no Fulham, dando assistências, fazendo gols, claro que fica sempre a esperança de estar na lista por fazer o trabalho bem-feito. Mas eu sei que é difícil, é a maior seleção do mundo. Você cria a esperança dentro de você mesmo por fazer bem o trabalho na liga mais difícil do mundo e entre os melhores jogadores do mundo.


O Dorival me conhece, é a primeira vez que um treino que eu joguei junto está na Seleção. É uma vantagem por ele saber das minhas qualidades, saber do que eu posso adicionar ao time, e isso ajuda bastante. A esperança ficou ainda maior, mas, claro, eu preciso fazer a minha parte, como estou fazendo no clube, mantendo o foco e preparado.


Você e o Dorival trabalharam juntos por muito pouco tempo no Flamengo. Como foi esse período?

Foi uma relação desde o primeiro momento em que ele me deu muita confiança, me fez sentir muito à vontade, e sempre passou muita tranquilidade. Gostei muito. Foi apenas um mês, dois no máximo... Gostaria de ter trabalhado mais com ele, mas sempre mantivemos contato. Mesmo depois de eu me transferir para o Fulham, após o último jogo que fiz pelo Flamengo, nos falamos sobre os jogos, quando o time foi campeão também. Quando há jogos importantes, ele manda mensagem dizendo que está acompanhando, assistindo os jogos. Sempre tivemos uma relação muito saudável.


Falando em disputa, você ocupa um espaço no campo e apresenta capacidades similares a do Paquetá. Pode atuar como segundo homem de meio de campo, como meia mais adiantado... Como você se vê nessa concorrência?

No Fulham, jogo mais como terceiro, me sinto importante e protagonista. Como segundo volante, eu sempre joguei. Então, são duas posições que eu me vejo apto a competir para concorrer pela Seleção. Sei que posso ajudar a equipe. Mesmo atuando um pouco mais avançado, sempre vou poder jogar de segundo homem também.


Futebol não é só estatística, mas são métricas que ajudam a comprovar uma boa performance. Você pelo segundo ano está entre os jogadores brasileiros com mais passes decisivos nas principais ligas... Como você se vê nesse papel de meia-armador?

Sempre fui um jogador que cria mais do que finaliza. Estou ali para servir os atacantes. Em todos os clubes que joguei, busquei fazer isso: servir o meu número 9. Se ele não fizer gol, a responsabilidade é minha. Na minha cabeça, esse é o meu trabalho.


Temos a informação de que o mercado da Arábia Saudita te procurou e você optou por não fazer esse

movimento agora, aos 28 anos. Por que tomar essa decisão?

Não acho que seja o momento justo de fazer um movimento para fora da Europa. Tenho o sonho de jogar pela Seleção, e a chance de ser convocado é muito maior jogando na Europa, jogando na Premier, que é uma das ligas mais difíceis do mundo. Mesmo não sendo uma certeza, jogo futebol desde criança pensando na Seleção. Querendo ou não, o que faz a gente feliz é lutar pelo sonho. Estou vivendo um momento em que jogo bem aqui e mantenho esse sonho vivo. Estou batalhando por isso.


Qual sua sensação de momento para a convocação do dia 1º? Fica mais ansioso? Como você vive esses momentos?

Ansioso todo jogador fica. Claro que vou assistir esperando uma oportunidade. Mas entrando em campo com a cabeça fria e sabendo o que eu tenho que fazer com tranquilidade. No dia, vou acompanhar e rezar por essa chance de realizar o sonho.

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