Cavadinha, hat-trick e um recado dentro de campo, sem precisar se expor em palavras: a frustração pela perda da Bola de Ouro ficou para trás e Vini Júnior segue como um dos (senão o) melhores jogadores do mundo. E é assim que o craque volta à Seleção para as partidas contra Venezuela e Uruguai pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2026.
Ainda em meio a todos os questionamentos pelo surpreendente revés para Rodri na disputa pelo posto de melhor do mundo, há 15 dias, o atacante do Real Madrid retorna à Seleção com a missão de assumir o protagonismo que lhe falta. Principal jogador indiscutível do clube espanhol, Vini ainda está devendo com a camisa verde e amarela e tem pela frente dois países com representantes que, curiosamente, tiveram papéis determinantes para que fosse superado corrida pela Bola de Ouro.
O jornalista responsável pelo voto venezuelano colocou o espanhol em primeiro e o brasileiro em segundo na disputa, enquanto o representante do Uruguai, rival da próxima terça, colocou Rodri no topo do pódio e Vini somente em terceiro. Combustíveis extras para um jovem que tem mais uma oportunidade de mostrar que é capaz de fazer a diferença também com a camisa do Brasil.
Ausente da Data Fifa de outubro por conta de uma lesão na cervical, Vini retorna à Seleção com argumentos suficientes para exercer o papel de protagonista. Desde o corte para as partidas contra Chile e Peru, foram nove gols marcados em cincos jogos, com direito a dois hat-tricks.
Após a notícia de que não levou a Bola de Ouro, Vini respondeu com um gol de cavadinha em pênalti na derrota para o Milan pela Champions e se apresentou à Seleção nesta segunda com três gols marcados diante do Osasuna, no último sábado, na bagagem. Elementos que só corroboram a defesa feita por Dorival na ocasião da convocação:
"Na minha opinião, uma situação (a perda da Boa de Ouro) injusta. É uma premiação individual. Se teve um atleta decisivo, agudo, letal, que o talento foi mostrado para o mundo todo, acredito que tenha sido ele, na temporada"
- Nada contra quem ganhou o prêmio, (Rodri) é um grande atleta do futebol mundial e espanhol, se destacou muito. Mas o Vinícius pelo trabalho que fez merecia um reconhecimento diferente. Talvez o maior prêmio que o Vinicius tenha ganho foi o reconhecimento e respeito do seu povo. A grande maioria do povo brasileiro percebeu a injustiça.
A performance neste início de temporada já é suficiente para que Vini seja mais uma vez forte candidato a melhor do mundo. São 12 gols e cinco assistências em 19 jogos até aqui. A carência evidente, porém, está no protagonismo com a camisa da Seleção.
Questionado pela suspensão no jogo decisivo contra o Uruguai na Copa América e também por deixar a desejar na Data Fifa de setembro, diante de Equador e Paraguai, Vini tem mais uma oportunidade de responder às expectativas nas últimas partidas do calendário de 2024.
Votos da Bola de Ouro indicam Europa determinante
Os duelos da Data Fifa de novembro vão permitir ainda que Vinícius responda em campo dois votantes sul-americanos da Bola de Ouro que o colocaram atrás de Rodri. Dos dez representantes da Conmebol, o brasileiro ficou na frente do espanhol em cinco e perdeu em outros cinco, mas no somatório levou a melhor: 121 x 91.
Para o jornalista responsável pela Venezuela, Vini foi o segundo melhor na temporada, atrás justamente de Rodri. Já para o uruguaio, o brasileiro ficou em terceiro com Rodri em primeiro e Toni Kroos em segundo.
A revelação dos votos, por sua vez, indica também vitória de Vini em Brasil, Paraguai, Equador, Bolívia e Colômbia, com os dois últimos deixando Rodri fora até mesmo do Top-10. O somatório dos votos, por sinal, indicou que os europeus foram determinantes para que o brasileiro perdesse a premiação.
Entre os representantes dos países filiados a Uefa, Rodri levou a melhor por 560 a 442, mas o resto do mundo deu vitória a Vini por 687 a 622. Indicativos que vieram à tona nos últimos dias e ajudam a identificar o mapa que deu a Bola de Ouro ao volante do Manchester City.
Raio-X que coloca na mesa muito da performance com a camisa da Seleção e que Vini tem mais uma oportunidade de melhorar suas marcas. Em 35 partidas pelo Brasil, o atacante soma cinco gols e cinco assistências.
Na quinta-feira, ele volta a campo diante da Venezuela, em Maturín, às 18h (de Brasília), pela 11ª rodada das eliminatórias sul-americanas para 2026. Na próxima terça, o rival será o Uruguai, na Fonte Nova, em Salvador, no último jogo da Seleção nesta temporada.