O 1º site político de Mato Grosso do Sul   |   28 de Março de 2024
Publicidade

Moro se compara a Eliot Ness em programa de TV americano

Procurador da Lava-Jato afirma ao ‘60 minutes’ que escândalo é muito maior que Watergate

23/05/2017 - 10h32

O Globo

São Paulo 

O juiz Sergio Moro em entrevista para a TV CBS sobre a operação Lava-Jato (Foto: Reprodução/CBS News)

O tradicional programa de TV americano “60 minutes”, da rede CBS, teve um bloco inteiro dedicado à “Operation Car Wash”, a Lava-Jato brasileira, no último domingo. A operação foi definida pelo repórter Anderson Cooper, que é também da CNN, como a maior operação contra a corrupção da história brasileira, que colocou em crise toda a política. 


Cooper teve raro acesso ao cotidiano dos procuradores e do juiz Sergio Moro. E ouviu do coordenador da Lava-Jato, o procurador Deltan Dallagnol, que a Lava-Jato é “muito, muito maior” do que o escândalo do Watergate.


Numa rara entrevista, Moro chegou a se comparar com Eliott Ness, do filme “Os Intocáveis”.

Watergate foi o escândalo político ocorrido em 1972 nos Estados Unidos que, ao vir à tona, acabou por culminar com a renúncia do presidente americano Richard Nixon, eleito pelo Partido Republicano. Eliott Ness foi um agente do Tesouro Americano famoso por fazer cumprir a Lei Seca na Chicago dos anos 20 e 30. Acabou liderando a força-tarefa que prendeu o gângster Al Capone, em 1931.


Indagado por Cooper sobre o que sentiu com as informações recebidas de Paulo Roberto Costa, o primeiro diretor da Petrobras a ser preso e delatar, Moro disse, com um sorriso no rosto, que “era um caminho sem volta”.


“Caminho sem volta”?, pergunta Cooper.

“Sim, como naquele filme, ‘Os Intocáveis’”, responde Moro.


Aí o “60 minutes” mostra uma cena em que os personagens de Sean Connery e Kevin Costner, Eliot Ness, falam sobre “um caminho sem volta” na perseguição a Al Capone no filme “Os Intocáveis”, do diretor Brian de Palma, de 1987.


Diz Sean Connery no filme: ‘Se você passar por aquela porta, você estará caminhando para um mundo de problemas e não há como voltar atrás. Você entende isso’?

Kevin Costner (carregando uma arma) diz: Sim, eu entendo.

“Você assistiu aos Intocáveis”?, pergunta Cooper.


“É um grande filme”, continua Moro, descrito na matéria como um “folk hero” (herói popular).


Ao comparar a Lava-Jato com Watergate, Deltan fala que a Lava-Jato já processou mais de 200 pessoas por centenas de crimes, cuja propina circulante chega a “cerca de US$ 2 bilhões”. Cooper pergunta mais de uma vez se Deltan acha que a Lava-Jato é maior que Watergate.


“Muito maior”, insiste o procurador. Anderson Cooper define o grupo de jovens procuradores como “idealista”, e Moro como “juiz numa cruzada”.


O programa traz uma entrevista com a ex-presidente Dilma Rousseff cujo impeachment, segundo Cooper, foi influenciado pela Car Wash. Cooper questiona a presidente, dizendo que para muitas pessoas é difícil acreditar que ela desconhecia os escândalos.


“Deixa eu dizer para você, eu não sabia”.


Moro finaliza dizendo que é “nossa responsabilidade” não deixar a Lava-Jato acabar. “Temos que lidar com o problema (da corrupção). E lidando com isso acho que temos um país melhor”.


O programa foi ao ar no último domingo à noite, e a versão completa da entrevista, em inglês, está no site da CBS.

Leia Também
Comente esta notícia
0 comentários
Mais em Geral
Colunistas
Ampla Visão
Copyright © 2004 - 2015
Todos os direitos reservados
Conjuntura Online
Rua São Remo, 390
Jardim Vilas Boas, Campo Grande / MS