O deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT-MS) criticou na terça-feira (12) a instalação da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que vai investigar as facilidades em conseguir financiamentos públicos e possíveis crimes praticados pelo Grupo JBS, dos empresários Joesley e Wesley Batista.
Maior produtora de proteína animal do mundo, a empresa emprega mais de seis mil pessoas em Mato Grosso do Sul e os desdobramentos das investigações podem acabar afetando a economia do Estado.
Sob o pretexto de fazer a necessária investigação, a Comissão já tem todos os ingredientes para descambar em vingança política.
Ontem, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) foi indicado relator do colegiado, revoltando alguns membros nomeados que resolveram sair da comissão, como os senadores Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Otto Alencar (PSD-BA).
“Infelizmente o Marun assumiu a relatoria desta comissão. Todos nos sabemos como ele atua em favor do Michel Temer. Isso acaba com o importante papel que essa comissão deveria ter. É necessário investigar. Precisamos saber se a empresa prejudicou o país. Mas a Comissão é natimorta. Os parlamentares mais sérios já abandonaram esse verdadeiro circo. Infelizmente o relator tem um lado e ele não é muito republicano”, afirmou Dagoberto.
FARSA
Para Otto Alencar, CPI virou uma "farsa" com "jogo combinado". Na avaliação de Ferraço, a escolha de um aliado de Temer para a relatoria mostra ser "evidente" que a comissão terá investigação "parcial".
"As evidências são de que essa CPI não quer investigar coisa alguma. Essa CPI quer fazer acerto de contas. Existem crimes gravíssimos que precisam ser investigados com firmeza, rigor, mas com imparcialidade e isenção. Na medida que você coloca chefe de tropa de choque para fazer isso ou aquilo, fica evidente que essa será uma investigação parcial e eu não participo disse, por isso pedi o afastamento", disse Ferraço ao explicar a saída.
A CPMI foi instalada na semana passada e terá como foco investigações sobre empréstimos obtidos pelo grupo J&F, que controla a JBS, junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).