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Cúpula do PSB 'puxa tapete' de Tereza Cristina da liderança na Câmara

Deputada sul-mato-grossense orientou os colegas de partido a votarem contra Michel Temer na análise da denúncia por corrupção.

19/10/2017 - 05h50

De Brasília 

Deputada Tereza Cristiana durante sessão de comissão da Câmara (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputado)

A atitude da líder do PSB na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS), durante a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na quarta-feira (2) abriu um confronto na bancada do partido, inclusive com pedido para que ela seja destituída da liderança.


Com a destituição, o deputado Júlio Delgado (MG) assumiu ontem mesmo a liderança do partido na Câmara.


A destituição de Tereza Cristina foi recomendada pelo diretório nacional do PSB, que se reuniu na última segunda-feira (16) para deliberar sobre a possível expulsão de quatro deputados federais da sigla que tem votado a favor do governo, mesmo o partido tendo saído oficialmente da base governista. 


A expulsão foi impedida por uma liminar da Justiça, e a direção da legenda decidiu adotar outra estratégia para mudar a liderança da bancada na Câmara.


Na sessão em que a Câmara barrou o prosseguimento da denúncia por corrupção passiva, Tereza Cristina orientou os membros do PSB a votarem contra Temer, conforme decisão partidária. Mas ela própria votou a favor de Temer, para livrar o presidente de responder a processo no STF (Supremo Tribunal Federal).


Em carta enviada à líder da sigla na véspera da votação, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, cobrou que ela orientasse a bancada a votar contra Temer ou que abrisse mão de falar pelo partido durante a sessão. O pedido seguia determinação da executiva do PSB, que decidiu se posicionar contra Temer.


A deputada optou por orientar a bancada como o partido havia determinado, mesmo que o voto individual dela fosse diferente. Na votação da denúncia, o PSB teve 22 votos a favor do prosseguimento do processo, 11 contrários e duas abstenções.


De acordo com o deputado Danilo Forte (PSB-CE), que, assim como Tereza, votou para barrar a denúncia, deputados do partido propuseram que a líder seja destituída.


“Correu uma lista para destituí-la, mas houve uma rebelião, inclusive dos que apoiaram a iniciativa de dar continuidade à denúncia”, disse.


O deputado disse que não concorda com o movimento de tirar a líder do posto. “Se a cada votação você quiser tirar o líder porque ele tem uma posição diferente, isso cria uma instabilidade muito grande”, afirmou.


Para Forte, que, junto com outros colegas, negocia a transferência para outro partido, o PSB saiu mais fraco da votação. Segundo ele, houve uma “ilusão” de que haveria grande mobilização social a favor da denúncia, o que acabou não ocorrendo, na opinião dele.


Em julho, o presidente Michel Temer procurou Tereza Cristina e, segundo ela, colocou o PMDB à disposição dos deputados do PSB. A ala insatisfeita do partido negocia uma possível migração para o DEM. 


MANOBRA


“Nós vinhamos há muito tempo passando esse constrangimento de a grande maioria no plenário ser destoante da indicação da liderança. E agora vamos tentar encontrar uma uniformidade. O PSB se reencontra com sua trajetória, se reencontra com sua coerência e acima de tudo com o desejo e decisões da instância maior que é o diretório nacional”, disse Delgado.


O novo líder do PSB disse que os deputados Fábio Garcia (MT) e Danilo Forte (CE) serão retirados das vagas do partido da CCJ. No lugar deles, Delgado nomeará os deputados Danilo Cabral (PE) e Hugo Leal (RJ) como membros titulares da comissão. Sobrarão duas vagas de suplentes, que serão ocupadas outros deputados do PSB com votos declarados pela autorização da segunda denúncia contra Temer.


A bancada do PSB tem 37 deputados e, para destituir Tereza Cristina da liderança, era necessário o apoio de pelo menos 19 parlamentares. Delgado conseguiu reunir as assinaturas para registrar a solicitação de mudança na Secretaria da Mesa da Câmara de ontem para hoje.


A manobra ocorreu antes que o deputado Raul Jungmann reassumisse o mandato, depois de ter sido exonerado da função de ministro da Defesa para reforçar a base de apoio ao governo na Câmara. O ministro Fernando Coelho Filho, de Minas e Energia, também foi exonerado para recompor a base de apoio na Câmara. Ambos são de Pernambuco e poderiam substituir os votos do partido contrários a Temer na CCJ.

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