O 1º site político de Mato Grosso do Sul   |   20 de Abril de 2024
Publicidade

Corpo de Marco Aurélio Garcia, ex-assessor de Lula e Dilma, é velado em SP

Fundador do PT morreu nesta quinta-feira (20) vítima de um infarto, aos 76 anos

21/07/2017 - 16h59

Por G1

São Paulo 

Ex-presidentes Lula e Dilma e diversos ex-ministros participam de velório de Marco Aurélio Garcia, um dos fundadores do PT, nesta sexta (21), em São Paulo (Foto: G1)

O corpo de Marco Aurélio Garcia, assessor especial para Assuntos Internacionais dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, começou a ser velado na manhã desta sexta-feira (21), no hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo, na Zona Sul da capital paulista. A cerimônia é aberta ao público durante o dia e a noite e segue até a manhã de sábado (22).


Marco Aurélio Garcia morreu nesta quinta-feira (20) vítima de um infarto, aos 76 anos. O corpo seguirá neste para o Crematório da Vila Alpina, onde haverá uma cerimônia restrita à família.


Por volta das 13h30, o ex-presidente Lula chegou emocionado ao velório. ⁠⁠⁠"Ele era mais do que chanceler, me representava junto a partidos de esquerda pelo mundo e todos os governantes gostavam dele, pelo seu jeito de ser. As pessoas sabiam que ele falava em meu nome e do PT. Era uma figura especial e de competencia extraordinaria", disse Lula, que chorou. 


"Não acredito que a esquerda no mundo tenha alguém como ele. A carne se vai, mas as ideias, o humor e a beleza política dele continuam", completou o ex-presidente. Lula estava acompanhado do vereador Eduardo Suplicy, do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, do ex-ministro da Educação e Casa Civil Aloizio Mercadante, do escritor e jornalista Fernando Morais e do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. 


A ex-presidente Dilma Rousseff também se juntou à comitiva e falou com jornalistas sobre Marco Aurélio. "Além de companheiro, ele era excepcional como pessoa. Do Uruguai à Venezuela, tudo era pátria dele. Ele sabia retratar as situações com poucas palavras, tinha imensa capacidade de querer um Brasil com direitos, e queria um mundo assim", declarou. "Pra mim , ele vai fazer falta".


A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) participou da cerimônia e afirmou que um dos grandes legados do Marco Aurélio é a política externa.


"Se nós conseguimos desenvolver no governo Lula e Dilma uma política externa ativa e altiva devemos a ele, que trabalhou com o Itamaraty. Ele, desde o início do PT, se dedicou a isso e sabia a importância", afirmou a senadora, que também é presidente do PT.


Gleisi disse que almoçou na semana passada com Lula e Marco Aurélio em São Paulo. Segundo a senadora, Marco Aurélio estava participando ativamente dos trabalhos com a Fundação Perseu Abramo para o programa de governo de Lula em eventual campanha em 2018.


O ex-ministro de Relações Exteriores também falou da atuação de Garcia no governo. "Foi mais do que um parceiro, foi um irmão na luta para o Brasil se firmar no exterior. Ele fazia tudo com leveza e bom humor. Com ele, tudo ficava interessante", declarou Celso Amorim.


Biografia


Marco Aurélio Garcia foi um dos fundadores do PT e ocupou a função de secretário de Relações Internacionais do partido. Era professor aposentado de história de Universidade de Campinas (Unicamp).

Enquanto esteve no Palácio do Planalto, ele despachou de uma sala no terceiro andar, localizada a poucos metros do gabinete presidencial. Entre os funcionários, era chamado de "professor".


Em texto publicado na internet, o PT afirmou que Marco Aurélio Garcia foi um "importante líder" na construção e execução da política externa brasileira, além de ser um dos "grandes apoiadores" do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e do fortalecimento das relações do Brasil com países do hemisfério Sul, principalmente na África e na América Latina.


O ex-assessor especial de Lula e de Dilma nasceu em Porto Alegre (RS) e atuou no movimento estudantil de esquerda. Nos anos 1960, foi vice-presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e vereador em Porto Alegre. Nos anos 1970 viveu na França e no Chile e voltou ao Brasil em 1979 para ajudar a fundar o PT.


Ainda de acordo com o site do partido, Marco Aurélio Garcia é formado em filosofia e em direito pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Ele tinha pós-graduação na Escola de Altos Estudos e Ciências Sociais de Paris.


Além de professor da Unicamp, ele também foi professor na Universidade do Chile, na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e nas universidades Paris VIII e Paris X, na França.


Na área política, segundo o site do PT, Marco Aurélio foi secretário de Cultura de Campinas (1989-1990) e de São Paulo (2001-2002), além de vice-presidente do PT de outubro de 2005 a fevereiro de 2010.

Nas eleições de 1994, 1998 e 2006, ele coordenou o programa de governo de Lula e, em 2010, o de Dilma.


No governo Lula, Marco Aurélio ajudou o Brasil a expandir embaixadas na África. O assessor especial do presidente também atuou na aproximação do país com o regime de Hugo Chávez na Venezuela.


Repercussão


Logo após a confirmação da morte de Marco Aurélio, políticos manifestaram pesar. A ex-presidente Dilma divulgou nota (leia a íntegra mais abaixo) na qual se referiu à morte do "amigo querido" como "extremamente dolorosa".


"Hoje é um dia de dor para todos nós, que compartilhamos com ele seus muitos sonhos, histórias e lutas. Era um amigo querido, de humor fino e contagiante, sempre generoso e cheio de ideias, dono de uma mente arguta e brilhante", afirmou.


O ex-presidente Lula também divulgou nota, na qual disse que Marco Aurélio Garcia foi um intelectual "brilhante" e um militante "incansável" desde a juventude. O "professor", acrescentou, contribuiu muito para o Brasil (leia a íntegra da nota mais abaixo).


"A credibilidade política e pessoal por ele alcançada permitiu que Marco Aurélio Garcia desempenhasse, em sintonia com o Itamaraty, relevante papel na construção e execução de uma nova política externa, ativa e altiva, soberana e fraterna, com um legado que é reconhecido internacionalmente e hoje faz falta para o Brasil", disse Lula.


O PT, em nota assinada pela presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou que Marco Aurélio Garcia destacou-se como um dos mais importantes "arquitetos" da integração latino-americana e da ampliação das relações do Brasil com países da África e dos Brics. "Ele contribuiu decisivamente para que o Brasil tivesse uma política externa ativa e altiva", diz trecho da nota (leia a íntegra ao final desta reportagem).


A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse no Facebook que Marco Aurélio Garcia foi "muito importante" para o governo Lula na condução da política externa, "uma época em que o Brasil era respeitado no cenário mundial".


Também na rede social, o deputado Paulo Teixeira (SP), um dos vice-presidentes do PT, relembrou o "papel importante" de Marco Aurélio Garcia na formulação e na execução da política externa brasileira, que "sempre esteve ao lado da democracia e dos trabalhadores".


Em entrevista em São Paulo, Márcio Macêdo, outro vice-presidente do PT, afirmou que o momento é de "dor" porque o partido perdeu "um companheiro e amigo de todos".


Na mesma entrevista, o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), disse que a participação "forte" de Marco Aurélio Garcia no governo foi um dos fatores para o "sucesso" que o Brasil teve no exterior entre 2003 e 2015.


No Twitter, o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro Tarso Genro publicou: "Faleceu Marco Aurélio Garcia, amigo fraterno, grande quadro da esquerda e militante histórico do PT. Ser humano excepcional. Dor e luto."


Vice-presidente do PT, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha também lamentou a morte. Para ele, a esquerda perde "um dos seus maiores pensadores e incentivadores da solidariedade internacional".

Leia Também
Comente esta notícia
0 comentários
Mais em Política
Colunistas
Ampla Visão
Copyright © 2004 - 2015
Todos os direitos reservados
Conjuntura Online