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Condenação de Lula aborta plano do PT de repatriar Ricardo Ayache para 2018

Decisão do juiz Sérgio Moro surpreendeu a cúpula petista em Mato Grosso do Sul

14/07/2017 - 09h17

Willams Araújo

Campo Grande

Ricardo Ayache foi candidato ao Senado na chapa de Delcídio (Foto: Divulgação )

A condenação do ex-presidente Lula abortou os planos do PT de repatriar o médico Ricardo Ayache, hoje abrigado no PSB, para enfrentar a disputa pelo governo de Mato Grosso do Sul em 2018.


A decisão do juiz Sérgio Moro de condenar o ex-presidente a 9,6 anos de prisão surpreendeu a cúpula petista no Estado que a partir de agora terá de partir para um plano B. 


Nos quadros da legenda o nome de peso é o do deputado federal Zeca do PT que, no entanto, não está disposto a enfrentar o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que já monta seu esquema de campanha rumo à reeleição. 


As articulações envolveriam uma chapa majoritária encabeçada por Ayache, tendo como candidatos ao Senado Zeca do PT e o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB). 


O comando petista contava com a alta popularidade de Lula, que inclusive lidera as pesquisas de intenções de voto para presidente da República, para tocar o seu projeto. No entanto, foi obrigado a mudar de ideia diante da condenação do líder maior do partido. 


As informações sobre a montagem dessa chapa foram repassadas ao Conjuntura Online por uma importante liderança política com trânsito no Partido dos Trabalhadores que, no entanto, pediu para que seu nome não fosse divulgado.


Ayache já foi candidato ao Senado pelo PT na chapa do então senador Delcídio do Amaral, derrotado nas eleições para o tucano Azambuja. 


A ideia de Zeca é concorrer ao Senado ou tentar a reeleição caso não consiga emplacar o seu projeto político. 


A cúpula petista vê Ayche com chances de fazer a diferença nas próximas eleições para o governo estadual diante do quadro de instabilidade política do momento envolvendo denúncias contra o ex-governador André Puccinelli (PMDB) e Azambuja, que, apesar de ter apresentado provas convincentes de que não participou de esquema de recebimento de propina, conforme delatores do Grupo JBS, é visto como um alvo que pode ter sua campanha abalada por tudo isso.  


Embora ainda exista a possibilidade de recurso por parte de Lula, condenado em primeira instância, analistas acreditam que a demora até o julgamento do caso impossibilitará qualquer articulação em torno de uma candidatura petista local ao governo. 


DEFESA 


Em pronunciamento na quinta-feira em São Paulo, Lula fez questão de se colocar no cenário político em 2018 e disse que vai pedir ao PT para ser o candidato do partido à Presidência. Tentando reduzir o impacto da sentença, Lula disse que não se surpreendeu com a condenação e que somente o povo "tem o direito de decretar o meu fim".


- Se alguém pensa que com essa sentença me tiraram do jogo, pode saber que eu estou no jogo - declarou.


- Quero dizer ao meu partido que, até agora, não tinha reivindicado, mas vou reivindicar, de me colocar como postulante à Presidência da República em 2018.


No pronunciamento, o petista mostrou-se pouco otimista em uma reversão da sua condenação em segunda instância. Ao falar de uma candidatura ao Planalto, o petista dirigiu-se a seu advogado e disse que este terá muito trabalho porque seu cliente será "um pré-candidato com um problema jurídico nas costas”.


- Não sei se isso é para o bem ou para o mal. Mas você vai ter um pré-candidato com um problema jurídico nas costas e eu tenho que fazer duas brigas. Primeiro brigar juridicamente para ganhar o direito de ser candidato. Segundo brigar dentro do PT para ganhar o apoio do PT - afirmou.


Em seguida, ele provocou:


- Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Quem tem o direito de decretar meu fim é o povo brasileiro.


Num aperitivo do discurso que o PT deverá fazer na corrida eleitoral em 2018, o ex-presidente voltou a resumir a disputa política no país entre pobres contra ricos.


- Senhores da Casa Grande, permitam que alguém da senzala faça o que vocês não têm competência de fazer. Permita que alguém cuide desse povo porque ele não está precisando ser governado pela elite, mas por alguém que conheça a alma dele e saiba o que é a fome e o desemprego e a vida dura que leva o povo pobre desse país.


Lula também usou as reformas trabalhista e previdenciária como plataforma política para reforçar o discurso do "nós contra eles".


O ex-presidente usou mais de uma vez o futebol para descontrair o clima nitidamente pesado durante o pronunciamento. Ele abriu a fala brincando que esteve ontem mais preocupado com o jogo entre Corinthians e Palmeiras pelo campeonato brasileiro do que com a repercussão da sentença do juiz Sergio Moro.


Embora menos emotivo do que no pronunciamento que fez após sofrer condução coercitiva em maio do ano passado, Lula falou da família, disse que honestidade aprendeu com uma "mulher analfabeta" em referência a sua mãe e voltou a insinuar que as investigações contra ele e sua família teriam colaborado para a morte de dona Marisa Letícia.


Diante de manifestantes a favor dele, Lula criticou a decisão de Moro de condená-lo.


— Moro prestará conta para a História. Ela vai dizer quem estava certo e quem estava errado.


O ex-presidente voltou a alegar inocência no caso do tríplex do Guarujá, ironizando o fato de precisar arcar com uma multa aplicada pelo juiz na sentença divulgada ontem. O dinheiro serviria para ressarcimento da Petrobras.


— Não sou dono de um tríplex, não tenho um tríplex. E ainda fui multado em 700 mil reais. Porque agora o tríplex é da União. Eles tomaram o tríplex e eu tenho que pagar 700 mil reais para a Petrobras. Eles podiam me dar o tríplex eu vendia o tríplex e pagava a multa. Senão o que vai acontecer é que vamos fazer que nem arrecadação de dízimo.


Ele também desafiou novamente adversários, a mídia e os brasileiros a apresentar uma prova contra ele no caso do apartamento no litoral paulista. Lula também anunciou que recorrerá ao Conselho Nacional de Justiça contra a sentença dada por Moro. Com G1.

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