Pedrossian Neto, quem diria, sofreu da mesma tática praticada pelo avô, o ex-governador Pedro Pedrossian, político sagaz e conspirador. Neto estava certo que teria o respaldo do seu partido, o PSD, para concorrer à sucessão na Capital. Campo Grande, aliás, desde antes da divisão do velho Mato Grosso, sempre foi palco da política dominada pelos coronéis sem farda. Curiosamente, a articulação que afastou Pedrossian Neto da disputa majoritária, foi conduzida pelo senador Nelsinho Trad, usando o mesmo método do pai, ex-deputado Nelson Trad. Como se vê, após décadas, o espólio político segue como herança divisível, porém, desde que “exequível” do ponto de vista do poder, como dizia o saudoso Nelson Trad.
Na verdade, Pedrossian Neto foi “rifado”, como grafou o site O Jacaré, por ser um noviço e sem poder de atração de forças. Mesmo estando no mesmo patamar das intenções de voto do deputado federal Beto Pereira (PSDB), considerando os números atuais das pesquisas eleitorais, não conseguir lá na frente catalisar outras forças políticas. Daí a opção de o PSD em aderir à pré-candidatura de Beto Pereira, do PSDB. “Tentamos, era o projeto principal. Mas, em função das circunstâncias políticas e dificuldade, tivemos que optar por outro caminho”, justificou Nelsinho Trad ao Midiamax. Vale lembrar que foi levado em conta, também, o desgaste do partido com a fracassada candidatura de Marquinhos Trad ao governo. Resta saber se Neto vai acompanhar Marquinhos na dissidência.
As próximas semanas serão decisivas para o quadro de disputa ganhar contorno. Até agora estão colocadas oito pré-candidaturas. Também começam a ser sinalizados os favoritos, considerando o intenso troca-troca da janela partidária que recém se abriu. O que se busca na rearrumação é o robustecimento das bases capitaneadas pelas lideranças mais fortes, como é o caso do PSDB e também do PP, seguidos pelo PL. Tudo indica que o primeiro turno das eleições será um grande “vestibular”. Com tantos partidos se ajuntando, o fato é que haverá um segundo teste de força para a escolha dos candidatos a vice.
Não há como negar a capacidade de articulação do PSDB do ex-governador Reinaldo Azambuja em arrebanhar apoios. Mesmo com o pré-candidato do partido com baixos índices nas pesquisas preliminares, já conseguiu o feito de ser o primeiro a obter apoio oficial de outra legenda, dando o start de uma coligação que pode tornar a disputa bastante difícil para a prefeita Adriane Lopes (PP). Nesses dois campos, vale observar que são candidaturas que agregam os segmentos do agro, lembrando que Azambuja iniciou a campanha com 4% das intenções de voto e desbancou o candidato do PT, Delcídio do Amaral, que estava na crista da onda por conta do apoio de Lula e do governo Dilma. Delcídio achou que a eleição estava ganha e acabou patrolado por Azambuja.
A semana que passou foi toda do PSDB. Depois da massiva filiação de vereadores na Capital, liderado pelo ex-governador Reinaldo Azambuja, o partido estendeu a festa para Dourados, onde foi sacramentada a pré-candidatura do ex-deputado e comunicador Marçal Filho. A alegria pela definição em Dourados, segundo colégio eleitoral e que está nas mãos do PP, podia ser vista nas redes sociais. O governador Reinaldo Azambuja postou fotos e vídeos da festa de filiação e até replicou postagens de sites locais, demonstrando claramente estar convencido de que os tucanos vão partir pra cima obstinados a vencer.
A Justiça Eleitoral acatou decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, e extinguiu a denúncia de utilização de caixa 2 na campanha que assombrava o ex-senador Delcídio do Amaral (PRD). Conforme a delação premiada dos executivos da Odebrecht, na campanha a governador de 2014, o ex-petista teria recebido R$ 5 milhões da empreiteira. Toffoli, como é sabido, chegou ao Supremo pela caneta de Lula.