Na cara da vida a fraqueza...
No lombo do cavalo arreado o suor, a aspereza
No homem, cavalgando, esfregue a nudez...
Na fome diária, esfregue a estupidez
Esfregue no credor a falência, na persistência, a paciência
Esfregue a buceta na cara do macho que apetece
Esfregue na mente a rima que desobedece
Esfregue o boleto acumulado no desdém do banqueiro
Esfregue os olhos na bomba de gasolina a comer o seu dinheiro
Esfregue a frustração na cova rala do irmão na hora do enterro
Esfregue a porra da punheta no banheiro
Esfregue a mentira no seu travesseiro
Esfregue o sabonete no pentelho
Esfregue a cara, encharcada de lágrimas salgadas, no chuveiro
Esfregue a dor disfarçada no puteiro
Esfregue a hipocrisia no espelho
Esfregue a covardia atrás da porta e finja que não se importa
Disfarce a vida torta
Esfregue o caminho desejado na fuga de sua rota
Esfregue a adolescência tardia na cama
Escrache a sua desordem na lama
Esfregue o que você é em mim, sou o seu diabo, querubim
Esfregue o desejo de poder
Esfregue no pleito que você quer vencer...
Esfregue o humano, o pessoal, o paroquial, já que o país, no mundo se esfrega, esfregue-se aqui, nesse nosso carnaval!