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Dicionário

28/10/2017 - 00h24

Raquel Anderson 

Velho dicionário (Foto: Ilustração )

O dicionário das nossas entranhas, compilado de maneira aleatória ou em ordem alfabética, mais complexo que a unidade léxica de uma língua, mais espesso que o Aurélio, carrega mais do que a definição de vocábulos, ortografias, etimologias....


O dicionário das nossas entranhas carrega palavras intraduzíveis, dores indizíveis, sentimentos esmagados, ansiedades intermináveis, frustações irrecuperáveis, ingratidões, carrega paixões... carrega a resistência das opiniões. O movimento de suas páginas produz arrepios, carrega coragens avassaladoras, conhece as nossas covardias, carrega abandonos e aconchegos.


O dicionário das nossas entranhas contém sonhos, contém as palavras que nunca diremos, reúne verbetes de agonias, não tem palavras definidas, é a indefinição das nossas vidas, o dicionário das nossas entranhas é recheado das nossas vergonhas, contém muito mais do que o saber humano, não possui grafia correta.


O dicionário das nossas entranhas tem as definições das nossas desorganizações, tem a capa dura, o miolo mole, tem a representação da linguagem das nossas loucuras, o peso das nossas ternuras

O dicionário das nossas entranhas possui significados personalizados dos nossos recalques, define o que é tesão recolhido, faz alaridos internos em nós, ecoa emudecido, é obsoleto e atual, é feito de papel artesanal, cabe no bolso, na mente, na necessidade urgente de sermos gente para além das palavras

O dicionário das nossas entranhas não cabe na estante, na memória RAM, não tem software, não tem suporte lógico, não é cronológico, não é decente, representa tudo que se sente, é escrito em vermelho, com as letras do nosso sangue quente.

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