O 1º site político de Mato Grosso do Sul   |   28 de Março de 2024
Publicidade

A mulher que me habita!

08/03/2017 - 08h38

Raquel Anderson 

A mulher que me habita! (Foto: Ilustração )
A mulher que me habita silenciosamente grita
Grito que ecoa em letras garrafais
A mulher que me habita não condena destinos
A mulher que me habita respeita netos, inocentes meninos
A mulher que me habita sofre, se indigna e chora
A mulher que me habita acolhe o tempo todo, a toda hora
Todos os seres, gente que muita gente ignora
A mulher que me habita ama os travestis, as lésbicas, os garis
A mulher que me habita respeita homossexual, rechaça o mal
A mulher que me habita gosta de carnaval, encara muito vendaval
A mulher que me habita sente vergonha do desrespeito humano
A mulher que me habita valoriza mais o saber do que o pano
A mulher que me habita humildemente lê e pesquisa
Evita julgamentos e simplicidades preconiza
A mulher que me habita se vê frequentemente hostilizada
Quando revela suas convicções e é subestimada
Viram-lhe às costas, abandonam-a na madrugada
A mulher que me habita não desiste da sua caminhada
A mulher que me habita não frequente igrejas, não tem religião
Ouve o irmão, pretende um mundo mais justo para todo cidadão
A mulher que me habita sofre a dor do misoginismo
Sente na carne as agruras do machismo
A mulher que me habita planta lírios numa ilha
Escreve um mundo mais igualitário para a minha filha
A mulher que me habita leva porrada, cai da escada
Se vê atormentada quando tenta dar sua guinada
A mulher que me habita assiste estarrecida
Ao ódio que desumaniza
A mulher que me habita tem o peito mutiladoSeu batom está quebrado, seu espelho estilhaçado
Dói na carne, na boca, na alma o espetáculo dantesco
A que uma mulher num cenário animalesco foi submetida
A mulher que habita em mim sente hoje a dor sem fim
Ao perceber outras mulheres agredirem assim
Outra mulher que muitos votos recebeu 
Ao apoiarem um mundo machista coscobeu
A mulher que habita em mim prefere os argumentos
Lamenta as agressões, as posturas sem cabimento
A mulher que me habita, lamenta, chora e silenciosamente grita
A mulher que me habita perdoa no gesto mais humano o terrível
Engano de outra mulher que numa atitude qualquer desfaz toda a leveza
Esmaga toda beleza do jeito bom da grandeza de se fazer mulher!
Leia Também
Comente esta notícia
0 comentários
Mais em Raquel Anderson
Colunistas
Ampla Visão
Copyright © 2004 - 2015
Todos os direitos reservados
Conjuntura Online
Rua São Remo, 390
Jardim Vilas Boas, Campo Grande / MS